Cidade do México, 6 de nov de 2018 às 17:00
O Arcebispo de Monterrey (México), Dom Rogelio Cabrera, advertiu que o drama da violência que o país vive "não será resolvido" com a legalização do uso recreativo da maconha.
Em 31 de outubro, ao avaliar duas medidas de amparo solicitadas, a Suprema Corte de Justiça da Nação do México (SCJN) declarou inconstitucional a "proibição absoluta do uso recreativo da maconha".
O SCJN também indicou que, como esta é a quinta decisão semelhante sobre o uso recreativo da maconha, "o critério será obrigatório para todos os tribunais do país".
Com esta resolução, ficam abertas as portas para a legalização da maconha no México.
Nos últimos meses, Olga Sánchez Cordero, senadora do partido Morena e anunciada como próxima titular da secretaria de Governo (ministério do Interior) no México, assegurou que o presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, deu autorização para buscar a legalização da maconha como um caminho para "pacificar este país".
Em 2018, há mais de 21 mil assassinatos no México. Em 2017, os homicídios ultrapassaram 25 mil. Das 50 cidades consideradas as mais violentas do mundo pelo Conselho Cidadão de Segurança Pública e Justiça Criminal em 2017, 12 são mexicanas.
Em um diálogo com a imprensa em 4 de novembro, Dom Cabrera assegurou que "o problema da violência não será solucionado com uma lei que permita o uso recreativo das drogas".
"Eu tive que ouvir os especialistas na área da saúde e dizem que isto causa sérios problemas de saúde aos jovens" e afeta de maneira especial os adolescentes.
"Eu acho que quem deve tomar esta decisão dever ser muito prudente, consciente de que às grandes dificuldades da nossa economia nacional serão acrescentados mais problemas de saúde", disse.
O Arcebispo de Monterrey assinalou que duvida que os pais de família "estejam de acordo com esta lei, porque quem sente de perto a dificuldade são aqueles que cuidam de seus filhos".
Por sua parte, a plataforma mexicana ConParticipación lançou uma abaixo assinado através de CitizenGO para exigir da SCJN uma "saúde sem drogas para nossos jovens".
Marcial Padilla, diretor da ConParticipación, disse que decisões como a legalização da maconha "não cabem aos juízes, mas aos cidadãos, diretamente ou através de nossos representantes. Os juízes não devem decidir isso".
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"O segundo problema é que a maconha afeta a saúde dos jovens e das crianças e não basta que uma pessoa use de maneira privada. Afeta a saúde de todos, porque cria um ambiente onde a maconha será a porta de entrada para muitos outros vícios", disse.
Os perigos da maconha (cannabis)
De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, cerca de 1 a cada 10 pessoas adultas que usam maconha se tornarão dependentes. No caso de menores de 18 anos, a proporção aumenta para 1 a cada 6 usuários.
As pessoas viciadas em maconha também enfrentam um risco maior de "problemas de atenção, memória e aprendizagem".
"O uso da maconha afeta diretamente o cérebro, especificamente as partes do cérebro responsáveis por memória, aprendizagem, atenção, tomada de decisões, coordenação, emoções e tempo de reação", assinala o organismo de saúde.
O uso de cannabis, como também é conhecida esta planta, "está associado ao desenvolvimento de esquizofrenia e de outras psicoses (perda da realidade). O risco é maior para os usuários mais frequentes".
"Os consumidores intensos de cannabis têm mais probabilidade de apresentar pensamentos de suicídio do que os não consumidores".
Além disso, indica o CDC, "os usuários de cannabis a longo prazo têm maior probabilidade de desenvolver transtorno de ansiedade social do que os não consumidores. O uso frequente a longo prazo poderia estar relacionado ao agravamento dos sintomas em indivíduos com transtorno bipolar".
Confira também:
Igreja no Canadá adverte sobre repercussões negativas da legalização da maconha https://t.co/2lkJhyc0kP
— ACI Digital (@acidigital) 22 de outubro de 2018