SUCRE, 7 de nov de 2018 às 12:30
O presidente da Bolívia, Evo Morales, criticou o Arcebispo de Sucre, Dom Jesús Juárez, por defender o resultado do referendo do dia 21 de fevereiro de 2016 no qual a população votou contra a sua reeleição como mandatário.
La fe y la religión defienden la verdad, ¿cómo un religioso puede hacer política y propaganda con mentiras? El 21-F es símbolo de falsedad. Cuando yo era dirigente, monseñor Jesús Juárez me ofrecía ayuda de la derecha; ahora sigue al servicio de los ricos y se olvida del pueblo.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 5 de novembro de 2018
Em sua homilia no domingo, 4 de novembro, Dom Juárez pediu para respeitar o resultado do referendo e manter a paz durante a Paralisação National 21F, convocada por algumas organizações de cidadãos para o dia 6 de dezembro.
A paralisação cívica pretende defender o referendo constitucional do dia 21 de fevereiro de 2016 (21F), em que 51% dos eleitores rejeitaram a ideia de reeleição do presidente ou vice-presidente do Estado boliviano.
Em outubro de 2017, o presidente Morales apresentou um recurso para revogar essa proibição e o Tribunal Constitucional (TC) decidiu a favor dele.
Embora o governo tenha informado que respeitará a paralisação nacional, assegurou que não permitirá o bloqueio das ruas e rotas.
Em sua homilia, Dom Juárez disse que "o primeiro apelo é ao Supremo Tribunal Eleitoral, a fim de que se respeite a Constituição e se respeite a vontade popular manifestada em um referendo".
Além disso, fez um apelo a trabalhar pelo desenvolvimento do país, o que exige que todos "colaborem".
As declarações de Dom Juárez foram criticadas por Morales, que o acusou de defender "os resultados da mentira" do 21F.
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"Um sacerdote defendendo os resultados da mentira, (uma) vergonha. (Mas também) há padres e bispos excelentes que rezam. Eu quero dizer-lhes que estive no Vaticano com três (padres) e me disseram: ‘a Igreja não se mete na política’”, disse o presidente durante uma cerimônia de entrega de uma obra no município de Tinquipaya, em Potosí.
Acrescentou que, ao contrário destes sacerdotes do Vaticano, na Bolívia "um sacerdote se meteu na política, mas se ele quiser fazer política deve fazer para os pobres, não para os ricos".
"Agora um bispo de Sucre disse 21F, mas ele sabe que como com a mentira, com poucos votos nos ganharam no referendo do dia 21 de fevereiro (de 2016) baseado na mentira", acrescentou Morales.
Em várias ocasiões, a Igreja na Bolívia pediu ao governo de Evo Morales que respeitasse a voz do povo manifestada nos resultados do referendo 21F.
Em dezembro de 2017, depois da decisão do Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP) de habilitar a postulação indefinida de Evo Morales à presidência do país, os bispos da Bolívia qualificaram esta sentença como "um retrocesso na democracia do país".
Com esta decisão, "quebraram os princípios básicos da democracia" e se "abre o caminho ao totalitarismo e ao domínio do mais forte, com a consequente perda da liberdade do povo", advertiram.
Confira também:
Bispos da Bolívia rechaçam recurso que permitiria reeleição de Evo Morales https://t.co/RRtIlRwjtX
— ACI Digital (@acidigital) 5 de outubro de 2017