O Cardeal Daniel DiNardo, presidente do Episcopado dos Estados Unidos, informou aos bispos do país, em plena realização de sua assembleia geral em Baltimore, que o Vaticano ordenou que os prelados não votem duas propostas essenciais para enfrentar a crise desencadeada pelos escândalos de abusos sexuais que sacodem a Igreja neste país.

A reunião anual ocorre entre os dias 12 e 14 de novembro e não se tratava exclusivamente de votar estas medidas, entretanto, a votação era o evento que mais chamou a atenção da imprensa e dos católicos em geral devido às recentes repercussões do caso McCarrick, que se refere ao afastamento e renúncia ao cardinalato do arcebispo emérito de Wasington D.C. por abusos sexuais.

As medidas que seriam votadas pelos bispos americanos seriam a de adotar um novo código de conduta para bispos e a criação de um organismo de leigos para investigar as acusações contra prelados da Igreja Católica. O veto veio diretamente da Santa Sé, indicou o Cardeal DiNardo a um auditório visivelmente surpreso pela notícia.

Além disso, o Purpurado disse que a Santa Sé insistiu que a consideração destas medidas seja adiada até a conclusão do encontro especial convocado pelo Papa Francisco em fevereiro de 2019 com todos os presidentes das conferências episcopais do mundo, a fim de enfrentar o escândalo dos abusos sexuais de maneira global.

O Cardeal DiNardo disse que estava “decepcionado” pela decisão do Vaticano, mas comentou que espera que o encontro de fevereiro seja fecundo e que as deliberações desse evento ajudem no diálogo dos bispos norte-americanos diante da crise pelos abusos.

Enquanto o Cardeal DiNardo seguia em sua intervenção, o Cardeal Blase Cupich, Arcebispo de Chicago, expressou o seu apoio ao Papa: “É claro que a Santa Sé está levando a sério a crise devido aos abusos”, disse e comentou que o trabalho realizado para delinear as propostas que os bispos iam votar não deve ser perdido.

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O Cardeal Cupich indicou que o debate deve continuar e terminar com um projeto de resolução sobre as duas medidas para que o Cardeal DiNardo as apresente no encontro a ser realizado em fevereiro, no Vaticano.

“Precisamos ser muito claros (com o Cardeal DiNardo) sobre a nossa posição, e também ser muito claros com as pessoas sobre isto”, disse o Cardeal Cupich. O Arcebispo de Chicago comentou que a resposta à crise devido aos abusos “é algo que não podemos demorar, porque existe uma urgência a respeito”.

O Cardeal Cupich sugeriu que a próxima assembleia dos bispos dos Estados Unidos não seja realizada em junho, mas em março de 2019, depois do encontro a ser realizado em fevereiro no Vaticano.

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