Vaticano, 14 de nov de 2018 às 13:00
O Papa Francisco nomeou Dom Charles Jude Scicluna Secretário Adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé, e manterá a sua missão pastoral como Arcebispo de Malta.
Com esta nomeação, o Papa pretende fortalecer a luta contra os casos de abuso dentro da Igreja. Dom Scicluna é conhecido pela sua atuação implacável contra os abusos sexuais.
Como promotor de Justiça Adjunto no Supremo Tribunal da Signatura Apostólica e da Congregação para a Doutrina da Fé, realizou inúmeras investigações que ajudaram a descobrir alguns casos mais graves.
As investigações de Dom Scicluna foram fundamentais para esclarecer os casos de abusos e encobrimentos realizados por Fernando Karadima no Chile e Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo.
Dom Scicluna foi, junto com Mons. Jordi Bertomeu, delegado do Papa Francisco no Chile para investigar os encobrimentos de abusos sexuais na Diocese de Osorno. Sua investigação foi realizada em fevereiro e junho de 2018 e permitiu revelar casos de abusos sexuais cometidos pelo ex-sacerdote Fernando Karadima e o encobrimento do Bispo de Osorno, Dom Juan Barros.
Diante da confusão criada pelo escândalo dos abusos no Chile e os obstáculos contínuos colocados pelos responsáveis, o Santo Padre decidiu pedir a ajuda de Dom Scicluna, cujo trabalho incansável contra os abusos foi demostrado no processo contra Marcial Maciel e outros abusadores.
Durante seus trabalhos de investigação contra Fernando Karadima, reuniu testemunhos de abusos sexuais dentro da Igreja e se reuniu com várias vítimas, que destacaram a sua acolhida, respeito e escuta. Em todo momento, Dom Scicluna insistiu no dever da Igreja investigar: "Necessitamos fazer a justiça com as vítimas para o bem do país e da Igreja".
O Papa Francisco utilizou os resultados das suas investigações para elaborar a carta ao povo do Chile em 31 de maio e para a reunião com todos os Bispos do Chile em Roma, de 15 a 17 de maio deste ano. Como consequência deste encontro, os prelados chilenos colocaram seus cargos à disposição do Papa.
Dom Scicluna nasceu em Toronto (Canadá) em 1959, filho de imigrantes malteses. Ao completar o ensino médio, entrou no Seminário Maior de Malta, estudou em uma universidade local, onde se formou em Direito Civil, especializou-se em Sagrada Teologia.
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Em seguida, Scicluna fez um doutorado em Direito Canônico, na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
Foi ordenado sacerdote nesta Arquidiocese, em 11 de julho de 1986. Em 2012, o Papa Bento XVI o nomeou Bispo Auxiliar de Malta e, em 2015, o Papa Francisco o nomeou Arcebispo.
Dom Charles Scicluna foi promotor de justiça no Tribunal Metropolitano de Malta, professor de Teologia Pastoral e Direito Canônico na Faculdade de Teologia da ilha e vice-reitor do Seminário Maior da Arquidiocese.
Desde 1995, disponibilizou-se a serviço da Santa Sé, primeiramente como Promotor de Justiça Adjunto no Supremo Tribunal da Signatura Apostólica e depois como Promotor de Justiça da Congregação para a Doutrina da Fé.
Durante o seu trabalho no Vaticano, o Prelado também foi professor convidado na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Gregoriana.
Dom Scicluna participou como padre sinodal na XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional, realizado em Roma de 3 a 28 de outubro deste ano.
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— ACI Digital (@acidigital) 18 de junho de 2018