Vaticano, 21 de nov de 2018 às 08:33
O Papa Francisco assinalou que existe uma “santa humilhação” do homem que é aquela que acontece quando suas fragilidades são desmascaradas à luz dos Mandamentos do Decálogo. Essa “santa humilhação” permite ao homem ser consciente de que necessita de Deus para poder libertar-se.
Francisco realizou esta reflexão em sua catequese pronunciada nesta quarta-feira, 21 de novembro, durante a Audiência Geral celebrada na Praça de São Pedro.
Nela, falou sobre o décimo e último Mandamento: “Não cobiçar o cônjuge do próximo e as coisas alheias”.
O Santo Padre explicou que estas palavras não são somente as últimas do Decálogo, “são o cumprimento da viagem através do Decálogo, tocando o coração de tudo aquilo que nele nos foi entregue”.
De fato, “se o analisamos, não acrescenta novo conteúdo: as indicações ‘não desejar a mulher nem nada que pertença ao teu próximo’”, como aparece na Bíblia, “estão latentes nos mandamentos sobre o adultério e sobre o furto”.
Então, “qual é a função dessas palavras?”. Para dar resposta a esta pergunta, Francisco começou explicando que é preciso ter presente que “todos os mandamentos têm como finalidade indicar o confim da vida, isto é, o limite para além do qual o homem destrói a si mesmo e ao próximo, arruinando a sua relação com Deus”.
Por isso, “por meio deste último Mandamento sublinha-se o fato de que todas as transgressões nascem de uma raiz interior comum: os maus desejos”.
Nesse sentido, recordou que o próprio Jesus diz: “Porque é do interior, do coração dos homens, de onde provêm as más intenções, as fornicações, os roubos, os homicídios, os adultérios, a avareza, a maldade, os enganos, as desonestidades, a inveja, a difamação, o orgulho, o desatino. Todas essas coisas ruins procedem do interior e são as que mancham o homem”.
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“Assim, compreendemos que todo o percurso feito através do Decálogo não teria alguma utilidade se não chegasse a tocar este nível, o coração do homem. O Decálogo se mostra lúcido e profundo sobre este aspecto: o ponto de chegada desta viagem é o coração e, se este não for libertado, o resto vale pouco”.
Sem essa libertação do coração, explicou o Pontífice, os Mandamentos ficam como algo teórico, sem influência real na vida das pessoas: “Os preceitos de Deus podem ficar reduzidos à bonita fachada de uma vida de escravos e não de filhos. Frequentemente, por trás da máscara farisaica da correção asfixiante se esconde algo de muito feio e não se resolveu”.
Pelo contrário, “devemos nos deixar desmascarar por esses mandamentos sobre o desejo, porque nos mostram nossa pobreza para nos conduzir a uma santa humilhação”. “O homem tem necessidade desta bendita humilhação da qual descobre que não é capaz de se libertar sozinho, mas que precisa gritar a Deus para ser salvo”.
“É inútil pensar que podemos nos corrigir a nós mesmos sem a ajuda do Espírito Santo. É inútil pensar em purificar nosso coração em um esforço titânico de nossa vontade. É necessário se abrir à relação com Deus, na verdade e na liberdade: somente assim nossos esforços podem dar fruto”.
O último Mandamento “ajuda a nos colocar diante da desordem de nosso coração para parar de viver de modo egoísta e nos tornarmos pobres em espírito”, concluiu o Papa.
Confira também:
Qual a importância de dizer a verdade? Papa Francisco responde https://t.co/5mdgmVnTQD
— ACI Digital (@acidigital) 14 de novembro de 2018