VALENCIA, 30 de nov de 2018 às 17:00
Dante do anúncio do cientista chinês He Jiankui que assegura que nasceram os primeiros bebês geneticamente modificados, o Observatório de Bioética da Universidade Católica de Valência (Espanha) publicou uma avaliação sobre isso.
Segundo declarações do cientista, seu objetivo ao manipular geneticamente os embriões era dotá-los de resistência ao HIV, pois o pai das meninas é portador do vírus.
Assim, Jiankui desabilitou o gene CCR5, que permite que o retrovírus ingresse nas células, editando várias seções do genoma humano e substituindo-o por cadeias de DNA desejado.
Entretanto, até agora não foi confirmado o suposto nascimento das gêmeas geneticamente modificadas.
No Observatório de Bioética da Universidade Católica de Valência São Vicente Mártir, publicaram um comunicado no qual explicam que esta modificação genética no estado germinal “abre a porta para a produção dos chamados ‘bebês de desenho’, nos quais as modificações não seria realizadas para curar um doença, mas para obter diferentes ‘melhoras’ no bebê”.
Avertem que isso tem implicações éticas “de enorme gravidade”, porque, no caso destas gêmeas, não implicaria a cura do HIV, pois não padecem disso, mas “dotá-las de uma característica genética preventiva”.
Como avaliação ética, o Observatório de Bioética assegurou que “a implementação de intervenções sobre o genoma humano embrionário que implicam projetos de melhora, desenho ou seleção, possam ser um passo a mais para o desenvolvimento dos projetos trans e pós-humanista, que constituem, ao nosso ver, o maior ataque à pessoa humana neste século XXI”.
Além disso, recordam que “o uso e destruição de embriões humanos em pesquisa é moralmente inaceitável”.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
“O avanço técnico neste campo não deve se sustentar na experimentação com embriões humanos, mas em modelos animais, embora não existam garantias de que possa se alcançar um grau de segurança suficiente no futuro”, assinalaram.
Indicaram que não há certeza de que a edição genética chegue “algum dia a ser segura baseando-nos apenas em estudos com animais”, mas isso não justifica sob nenhum conceito “o sacrifício de vidas humanas com este fim, especialmente considerando que a modificação genética germinal não responde às necessidades médicas de pacientes existentes, mas ao desejo dos pais de conceber filhos, no mínimo, perfeitamente saudáveis”.
Embora o desejo de ter filhos saudáveis seja “legítimo”, “os meios não se justificam pelo fim, mas devem ser justificados em si mesmos”.
Por isso, insistem em que, “além das questões de segurança, aparece o problema da distinção entre terapia e melhora, abrindo-se a porta para a produção de bebês de desenho”.
Confira também:
Bebês geneticamente modificados geram dilema ético, advertem https://t.co/6DOgZr5rkU
— ACI Digital (@acidigital) 28 de novembro de 2018