REDAÇÃO CENTRAL, 9 de dez de 2018 às 07:00
O Arcebispo de Dar es-Salaam, Cardeal Policarpo Pengo, pediu ao governo da Tanzânia que recuse qualquer ajuda estrangeira que esteja condicionada a aceitar as normas culturais ocidentais relacionadas à homossexualidade.
Durante uma Missa celebrada em novembro na cidade de Dar es-Salaam, o Cardeal Pengo disse que "é melhor morrer de fome do que receber ajuda e ser obrigado a fazer coisas que são contrárias ao desejo de Deus".
As nações ocidentais "deixarão de nos apoiar se estivermos contra a homossexualidade", disse Pengo, segundo ‘AMECEA News’, site de notícias da Associação de Conferências dos Bispos da África Oriental.
O Purpurado acrescentou que "o pecado da homossexualidade" é "contrário ao plano de Deus na criação e não deve ser aceito de jeito nenhum".
Os atos homossexuais são ilegais na Tanzânia. Como assinala o site de notícias dos bispos alemães, Katholisch.de, “muitos estados ocidentais e organizações de ajuda condenam esta política e ameaçaram várias vezes deixar de prestar sua ajuda".
A multiagência ‘Development Partners Group Tanzania’ informa que, em 2011, 33% dos gastos do governo da Tanzânia foram financiados por ajuda estrangeira.
A Agência Internacional para o Desenvolvimento (USAID) informa que, em 2016, o país recebeu 626 milhões de dólares em ajuda de agências dos Estados Unidos. A maior parte dos fundos, mais de 200 milhões de dólares, foi distribuída como parte do Plano Presidencial de Emergência para o Alívio da AIDS (PEPFAR, na sigla em inglês).
O Cardeal Pengo não especificou as maneiras como os programas de ajuda estrangeira poderiam fomentar atitudes permissivas à homossexualidade no país.
Em 2011, o primeiro ministro britânico David Cameron ameaçou suspender ou reduzir a ajuda estrangeira aos países onde os atos homossexuais são ilegais. O ministro de Relações Exteriores da Tanzânia disse aos jornalistas que o país poderia "prescindir da ajuda do Reino Unido".
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Em julho, o PEPFAR e a Fundação AIDS Elton John reafirmaram o seu compromisso com um fundo dedicado à prevenção e ao tratamento do HIV na África Subsaariana. The LGBT Fund (Fundação LGTB) também procura abordar “o estigma, a discriminação e a violência que as pessoas LGBT enfrentam na África”, de acordo com uma declaração do PEPFAR em 24 de julho.
O Papa Francisco critica com frequência a "colonização ideológica" e a imposição de visões do mundo sociais e culturais aos países em desenvolvimento pelos países mais ricos.
Em 2015, o Papa denunciou a "nova colonização ideológica que procura destruir a família", incluindo esforços “que procuram redefinir o matrimônio, guiados pelo relativismo, a cultura do efêmero, a falta de abertura à vida”.
A Tanzânia tem uma economia em crescimento, mas estudos recentes descobriram que mais de 75% da população sofreu escassez de alimentos no ano passado. O país tem uma das maiores porcentagens de cidadãos desnutridos do mundo.
O Cardeal Pengo, de 74 anos, disse aos católicos da Tanzânia que o país não deveria aceitar as atitudes ocidentais sobre a sexualidade, independente do quanto isso custar.
"Não podemos aceitar coisas tão desagradáveis para Deus; e, se morrermos de fome porque nos recusamos a participar de tais atos, preferimos morrer com o nosso Deus. Aceitar a homossexualidade é negar a Deus", acrescentou.
Confira também:
África não aceitará “colonização” relacionada ao tema do controle populacional, afirma Cardeal Napier http://t.co/TjEpZMXPWV
— ACI Digital (@acidigital) 8 de outubro de 2015