MEDELIM, 10 de dez de 2018 às 15:00
Juan Felipe Escobar é um sacerdote colombiano que desde 2005 serve aos habitantes de rua em Medellín. O seu silencioso trabalho solidário atualmente chega a mais pessoas com a "Barraca do Encontro", uma capela móvel que funciona há pouco mais de um ano.
Há alguns meses, Pe. Escobar é pároco da paróquia Beato Federico Ozanam, no bairro Enciso. Toda terça-feira, ele sai com a sua capela móvel ao centro de Medellín para anunciar o Evangelho aos vendedores ambulantes, dependentes químicos, prostitutas, indigentes e indígenas deslocados.
"A ideia surgiu porque comecei a trocar as armas brancas que eles tinham por um prato de comida ou roupa. Alguns voluntários me disseram que era muito arriscado fazer isso e então comecei a procurar um veículo para fazer esta troca. Logo depois, surgiu a ideia de fazer uma capela, mas isso era muito caro", contou o sacerdote ao Grupo ACI.
Em 2012, desistiu da ideia, mas em 2016 "uma voluntária me disse que tinha um sobrinho que era arquiteto. Ele e o seu sócio me ajudaram a realizar o projeto", explicou Pe. Escobar.
O sacerdote conta com a ajuda de cerca de 30 voluntários, entre fiéis de diferentes paróquias e seminaristas, com os quais distribui dois mil pães e chocolate quente a aproximadamente 500 pessoas por semana.
"Nós nos aproximamos das pessoas através do canto e da música, realizamos a exposição do Santíssimo, lemos o Evangelho do domingo seguinte e fazemos uma breve reflexão. Depois, cantamos, rezamos algumas ladainhas ao Santíssimo e dou a bênção com a Eucaristia", sublinhou.
Depois deste momento espiritual, "distribuímos chocolate quente e pão". "O nosso objetivo espiritual é o encontro com Jesus. Ouvi-los, chamá-los pelo seu nome, abraçá-los, incentivá-los a sair da rua, que procurem centros de reabilitação, ajuda", disse o sacerdote ao Grupo ACI.
Pe. Escobar, que também foi formador no Seminário Maior de Medellín entre 2010 e 2018, disse que no final das contas "os voluntários que participam e eu somos evangelizados pelos moradores de rua, eles nos evangelizam. Eles também rezam quando pegam o microfone, rezam com o que têm no fundo do coração".
A Barraca do Encontro passa por cinco lugares da cidade: Miquitao alta e baixa, em uma região conhecida como a 40, na estação de metrô Prado Centro e na avenida León de Greiff. Este último lugar é conhecido pelo crime e o sacerdote oferece comida ou roupas em troca das armas brancas que carregam.
Pe. Escobar disse que a "Barraca do Encontro" está em harmonia "com o que disse o Papa Francisco de uma Igreja em saída, de sair ao encontro das pessoas. Então nós temos esta capela com rodas".
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As pessoas de rua "acreditam muito em Deus. Apesar do sofrimento, quase todo mundo acredita em Deus. Eles nos dizem 'que Deus te pague', 'que Deus te abençoe'. Vemos que o amor de Deus está presente", afirmou.
Os moradores de rua a quem ele serve, concluiu, também "aproveitam o momento da reflexão. Não importa o credo de cada pessoa. Ninguém é excluído quando ajudamos".
Prêmio na Bienal de Arquitetura e Urbanismo
A capela móvel é um projeto dos arquitetos Tomás Vega Trujillo e Camilo Ramírez Gallego, que contaram com a colaboração da empresa ‘Obras y Montajes’.
Segundo informa o site da Universidade Pontifícia Bolivariana (UPB) de Medellín, o projeto da Faculdade de Arquitetura ganhou o primeiro lugar na categoria de arquitetura efêmera e design de interiores na Bienal Colombiana de Arquitetura e Urbanismo.
Com este projeto, disse Camilo Ramírez, muda-se “a equação e não se espera que as pessoas cheguem, mas que a Igreja chegue às pessoas. Basicamente, esse é o propósito do projeto".
Ao entregar o projeto “começou um processo muito interessante, no qual fazíamos parte de toda a gestão, e estávamos muito interessados e envolvidos desde o princípio. Passamos a entender que a relação com o sacerdote não era apenas como de clientes e arquitetos, mas nos vinculamos para tornar este projeto realidade”, disse Tomás Vega.
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Religiosa mendiga há 35 anos para sustentar um asilo https://t.co/aA1bseXN2E pic.twitter.com/Fp8C52ztIH
— ACI Digital (@acidigital) 1 de fevereiro de 2016