PEQUIM, 18 de dez de 2018 às 17:00
Dois bispos clandestinos na China concordaram em retirar-se em favor dos bispos da Associação Patriótica Católica Chinesa, depois do acordo provisório assinado entre a Santa Sé e o governo chinês.
AsiaNews informou em 13 de dezembro que o Bispo de Mindong, Dom Vincent Guo Xijin, aceitou se tornar Bispo Auxiliar e que a diocese será assumida por Dom Vincent Zhan Silu.
O acordo foi realizado em uma reunião no Diaoyutai State Guesthouse em Beijing, no qual esteve presente o Arcebispo Claudio Maria Celli, Presidente Emérito do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.
Na mesma reunião, Dom Celli anunciou que o Bispo Peter Zhuang Jianjian, de Shantou, será substituído por Dom Joseph Huang Bingzhang.
Os bispos Zhan e Huang foram excomungados, mas se reconciliaram com a Santa Sé como parte do acordo anunciado em 22 de setembro entre a Santa Sé e a República Popular da China.
Segundo AsiaNews, durante a reunião, Dom Celli entregou a Dom Guo uma carta do Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, e do Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, Cardeal Fernando Filoni, pedindo-lhe que renunciasse ao seu papel de Bispo de Mindong em favor de Dom Zhan.
"Também de acordo com o relatório dos sacerdotes de Mindong, Dom Celli teria dito a Dom Guo que o Papa Francisco pede este gesto de obediência ‘e de sacrifício pela situação geral da Igreja chinesa’”, informou o meio de comunicação.
AsiaNews indicou que em casos anteriores, quando um bispo da Associação Patriótica se reconciliava com a Santa Sé, tornava-se bispo auxiliar de um bispo da Igreja clandestina fiel a Roma.
O bispo Guo, de 59 anos, foi preso pelas autoridades chinesas em março. Embora tenha sido libertado pouco depois, ordenaram que não celebrasse Missa como bispo, porque o governo não o reconhecia.
Entretanto, foi novamente levado porque se recusou a concelebrar com o Bispo Zhan em uma Missa Crismal.
Dom Guo também foi preso antes da Semana Santa em 2017.
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Em janeiro, AsiaNews informou que uma delegação do Vaticano pediu a Dom Guo que aceitasse voluntariamente uma posição como bispo coadjutor de Zhan. Esta também foi uma das condições que os funcionários chineses propuseram ao Bispo Guo durante a sua prisão em 2017.
Em fevereiro de 2018, Dom Guo disse ao ‘New York Times’ que “devemos obedecer a decisão de Roma” e que “o nosso princípio é que a Igreja Católica da China deve ter uma conexão com o Vaticano, a conexão não pode ser cortada".
Mas também indicou que, embora "o governo chinês não diga explicitamente que precisamos nos desconectar" de Roma, "em algumas circunstâncias tem tal implicação".
Em março, na reunião anual do Partido Comunista da China, Dom Zhan disse à mídia chinesa ‘Sing Tao Daily’: “Não há obstáculos (para um acordo entre a China e o Vaticano) se todos pensarem no benefício da Igreja pelo bem da paz”.
Por sua parte, o Bispo Zhuang, de 88 anos, foi convidado pela Santa Sé a se retirar no final de 2017, mas aparentemente recusou o pedido naquela ocasião. Foi nomeado bispo em 2006, com a aprovação do Vaticano.
Em dezembro de 2017, informaram que Dom Zhuang foi escoltado a Beijing, onde se reuniu sozinho com os líderes da Associação Patriótica Católica Chinesa, funcionários da Administração Estatal da China para Assuntos Religiosos e com a delegação do Vaticano.
Se Dom Zhuang renunciasse, segundo informaram, a delegação da Santa Sé poderia nomear três sacerdotes neste momento, um dos quais o bispo Huang escolheria como seu vigário geral.
“Dom Zhuang não pôde conter suas lágrimas ao ouvir a demanda", disse uma fonte de AsiaNews, explicando que "não tinha sentido nomear um vigário geral, que ainda é um sacerdote e que o Bispo Huang poderia destitui-lo a qualquer momento”.
Confira também:
Polícia da China prende bispo reconhecido pelo Vaticano https://t.co/7nMUXq96L8
— ACI Digital (@acidigital) 9 de novembro de 2018