Cidade do México, 19 de dez de 2018 às 14:00
O Centro Católico Multimídia (CCM) publicou seu relatório "Avaliação do sexênio 2012-2018", que mostra a violência crescente contra os sacerdotes no México.
Em suas 18 páginas, o relatório explica os casos dos 26 sacerdotes assassinados no México nos últimos seis anos e dos dois sacerdotes que continuam desaparecidos; a maioria dos quais permanece sem esclarecimentos legais.
Além disso, levam em consideração cinco tentativas de sequestros contra sacerdotes e a explosão que ocorreu em frente à sede da Conferência Episcopal Mexicana na Cidade do México, na madrugada de 25 de julho de 2017.
Em diálogo com o Grupo ACI, Pe. Omar Sotelo, diretor do CCM, é categórico ao assinalar que "o México durante 10 anos é um dos países mais perigosos para exercer o sacerdócio".
"Este ano, na América Latina, foram assassinados, se não me engano, 14 sacerdotes. Sete desses, no México".
Nos 10 anos que o CCM prepara e publica os seus relatórios, os episódios de violência só aumentaram.
O sacerdote explicou que a princípio o relatório era simples. "Mas começamos a ver que a situação de criminalidade, os ataques ou assédios contra os ministros da Igreja estavam aumentando, por isso queríamos fazer as investigações mais exaustivas", assinalou.
Atualmente, o relatório do CCM é consultado por organizações internacionais e inclusive pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos.
"Nós buscávamos chamar a atenção da opinião pública nacional e internacional", indicou, porque "era uma informação que estava passando despercebida inclusive dentro da Igreja".
"Ainda hoje, terminando estes seis anos, continua tendo muito hermetismo, ceticismo de algumas autoridades em nível civil e judicial, mas também em nível da própria Igreja, sobre por que isso está acontecendo", lamentou.
"É um fenômeno que nunca tinha acontecido na história do México", acrescentou.
O relatório também menciona as causas dos ataques contra os sacerdotes mexicanos.
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Na opinião de Pe. Sotelo, embora haja uma situação de violência generalizada no país, com mais de 24 mil homicídios somente em 2018, os crimes contra os sacerdotes são "uma situação complicada".
"O ataque aos ministros religiosos é muito mais perigoso", advertiu, pois, embora "não possamos falar de uma perseguição religiosa como tal, é um assédio direto porque o sacerdote é um estabilizador social".
"Quando nas comunidades atentam, atacam, assediam, sequestram, assassinam e difamam um ministro de culto, não só assassinam uma pessoa, atentam contra uma instituição, a qual estabiliza uma comunidade, que dá segurança, que presta serviços não só espirituais, mas de saúde, de direitos humanos, educativos, formativos, etc.", indicou.
Quando um sacerdote é assassinado ou está desaparecido, a comunidade e a instituição são desestabilizadas, as populações ficam à mercê de "uma situação de terror, uma cultura de terror, de silêncio, de corrupção. É assim que funciona o crime organizado", explicou.
Para Pe. Sotelo, os assassinatos dos sacerdotes no México "não são consequência da violência organizada. A violência organizada é precisamente a consequência do desaparecimento, da desestabilização da sociedade, onde autoridades morais, como sacerdotes ou líderes de opinião, como jornalistas, se deslocaram, deixando o caminho para que cresça o crime organizado”.
O sacerdote mexicano destacou a importância de "divulgar que este fenômeno não é algo passageiro, consequência da simples violência doméstica", nem se trata de "crimes de pouco impacto".
É necessário, disse, "ver o que está acontecendo em sua verdadeira dimensão".
Os fiéis também têm um papel fundamental para enfrentar a violência contra os sacerdotes, explicou, pois devem saber que a vida da paróquia não é apenas aos domingos, mas "sempre e em todo momento".
"Devemos tornar estas situações visíveis. Divulgar, denunciar e também acompanhar a vida da paróquia", assinalou.
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— ACI Digital (@acidigital) 19 de dezembro de 2018