WASHINGTON DC, 20 de dez de 2018 às 16:00
A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB) lamentou a morte de uma menina de sete anos que estava sob custódia federal, um fato que demonstra que as políticas de imigração podem ter consequências fatais.
"Estamos muito angustiados com a notícia da menina de sete anos, Jackeline Caal Maquin, que faleceu pouco depois de cruzar a fronteira entre México e Estados Unidos. Nossas orações e nossas condolências à família de Jackeline", escreveu Dom Joe Vasquez, Bispo de Austin e Chefe da Comissão de Migrações da USCCB, em um comunicado divulgado em 18 de dezembro, junto com Dom Mark Seitz, Bispo de El Paso (Texas), e Dom Gerald Kicanas, Administrador Apostólico de Las Cruces.
"Nessa tragédia, devemos recordar esta profunda consequência humana das nossas fracassadas políticas de imigração, incluindo também que as restrições do fluxo de pessoas que buscavam asilo na fronteira possam fazer com que mais famílias busquem passar entre os pontos de entrada, e isso os coloca em um risco maior", acrescenta a declaração.
A menina morreu em 8 de dezembro em um hospital de El Paso. Jackeline foi presa dois dias antes com o seu pai e outras 161 pessoas solicitantes de asilo. A menor e o seu pai saíram do povoado de Raxruha (Guatemala) e o caminho até os Estados Unidos demorou cerca de uma semana. Eles não faziam parte da caravana de migrantes que se tornou notícia nas últimas semanas.
A menina, que vivia com a sua família em condições de extrema pobreza, apresentava sinais de que não havia ingerido alimentos nem água. No hospital pediátrico em El Paso, onde foi atendida, teve uma parada cardíaca e faleceu.
Entretanto, segundo o advogado de Nery Gilberto Caal Cruz, pai de Jackeline, a menina recebeu água e alimentos na viagem aos Estados Unidos.
Um elemento que teria complicado a comunicação, segundo o advogado, é que os formulários das autoridades da fronteira não estavam em espanhol e, além disso, este não era o idioma principal de Caal.
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Por outro lado, a secretária de Segurança Interna, Kristjen Nielsen, disse à mídia que as autoridades da fronteira fizeram tudo o que estava ao seu alcance para ajudar nesta situação.
O porta-voz da Casa Branca, Hogan Gidley, disse que o aconteceu com a menina foi "uma morte desnecessária, que poderia ter sido totalmente impedida. Se pudéssemos nos colocar de acordo e aprovar algumas leis de senso comum para não incentivar as pessoas a continuar vindo à fronteira, e incentivá-las a fazer isto de maneira correta e legal, então tais mortes, assaltos, violações, roubos de crianças e tráfico de pessoas acabariam. E espero que os democratas se unam ao presidente em relação a este tema".
Ao ser perguntado se a administração de Trump é responsável pela morte de Jackeline, o porta-voz respondeu: "A administração é responsável por um pai que leva uma criança a caminhar pelo México para chegar ao seu país? Não".
Por outro lado, os bispos concordaram com a decisão de que as autoridades realizem uma investigação sobre a morte da menina e explicaram que este fato "é uma recordação trágica da situação desesperada de muitos que fogem da violência, da perseguição e da pobreza, algo que enfrentam em seus países e agora em nossa fronteira".
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— ACI Digital (@acidigital) 29 de novembro de 2018