VATICANO, 28 de jul de 2005 às 15:16
Em um encontro em Introd, na segunda-feira passada, com o clero da diocese de Aosta, o Papa Bento XVI reconheceu a situação dolorosa dos casados pela Igreja e voltados a casar que desejam receber a comunhão eucarística e revelou que, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, tinha pedido analisar se a falta de fé na celebração do matrimônio poderia ser “motivo de invalidez” por tratrar-se de uma “dimensão fundamental”.
O jornal vaticano L'Osservatore Romano publicou nesta quarta-feira a íntegra da intervenção do Papa em que ao falar dos divorciados que se tornaram a casar disse que era "particularmente dolorosa a situação dos casados pela Igreja, que contraíram matrimônio por tradição sem ser verdadeiramente crentes e que depois, em um novo matrimônio não válido, encontram a fé e se sentem excluídos do sacramento (da Eucaristia)".
Do mesmo modo, o Santo Padre recordou que quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, convidou a diversas Conferências Episcopais a estudar o tema de um "sacramento celebrado sem fé" e de se "realmente se podia encontrar nele um motivo de invalidez porque carecia de uma dimensão fundamental". "É um problema muito difícil –disse o Papa– e terá que ser bem analisado".
De outro lado, referindo-se à crise de vocações no Ocidente, explicou que no mundo ocidental "já não é evidente a necessidade de Deus, tanto menos de Cristo. Por isso se faz difícil acreditar e se for difícil acreditar, é muito mais difícil oferecer a vida ao Senhor para ser servo Seu”.
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“Este é, certamente, um sofrimento próprio do nosso momento histórico, onde em geral as grandes Igrejas aparecem moribundas. Crescem, pelo contrário, as seitas que se apresentam com a certeza de um mínimo de fé. Devemos atravessar este túnel com paciência, convencidos de que de Cristo é a resposta e de que ao final, sua luz brilhará de novo", assinalou.
Posteriormente, o Santo Padre disse que “na história da Igreja e em formas diversas sempre houve questões que nos atormentaram. O que podemos fazer? Queria dizer que o Papa não é um oráculo, e é infalível em contadas situações,
Entretanto, continuou o Pontífice, “todos juntos queremos resolver através do sofrimento, os problemas, porque o sofrimento é o caminho da transformação e sem ele nada se transforma. Este é o sentido da parábola da semente de grão que cai em terra".
Por último, o Santo Padre anunciou que o Pontifício Conselho Justiça e Paz está preparando um documento sobre a proximidade da Igreja aos prisioneiros.