WASHINGTON DC, 16 de jan de 2019 às 17:00
O Arcebispo emérito de Washington (Estados Unidos), Cardeal Donald Wuerl, disse aos sacerdotes de sua arquidiocese que ele lidou apropriadamente com uma acusação de má conduta em 2004 contra o ex-cardeal Theodore McCarrick.
O Purpurado também disse que suas recentes negações de conhecimento sobre os supostos delitos de McCarrick se referiam apenas ao abuso sexual de menores.
Em uma carta de 12 de janeiro aos sacerdotes, o Cardeal Wuerl afirmou que, em 2004, recebeu uma queixa de "comportamento inapropriado" de McCarrick de um ex-sacerdote que relatava principalmente sobre outros casos de abuso sexual, incluindo um envolvendo um sacerdote de Pittsburgh. Naquela época, Wuerl era Bispo de Pittsburgh.
"O relatório completo também foi entregue imediatamente ao Núncio Apostólico, o representante Papal nos Estados Unidos. Tendo agido de forma responsável com as acusações relacionadas ao comportamento do Bispo McCarrick com um adulto e sem ouvir mais nada sobre o assunto, não voltei ao tema novamente", escreveu o Cardeal Wuerl.
"O homem pediu confidencialidade para proteger seu próprio nome", afirmou.
Em 20 de junho de 2018, a Arquidiocese de Nova York informou que considerava credível uma acusação de que McCarrick abusou sexualmente de um adolescente na década de 1970, enquanto servia como sacerdote em Nova York. Segundo da mídia, McCarrick foi acusado de ter abusado sexualmente em série de pelo menos dois meninos adolescentes e se envolver por décadas em comportamento sexual coercitivo contra padres e seminaristas.
O Cardeal Wuerl escreveu em uma carta de 21 de junho dirigida à sua Diocese que estava "chocado e entristecido" pelas acusações contra McCarrick, seu antecessor como Arcebispo de Washington.
Na mesma carta, o Purpurado declarou que "nenhuma reclamação foi feita, credível ou não, contra o Cardeal McCarrick durante seu período em Washington".
Em julho, o Cardeal Wuerl disse à estação de rádio WTOP que ele nunca havia escutado rumores de má conduta sexual em relação a McCarrick. Em agosto, declarou à CBS News que não estava ciente dos rumores de que McCarrick tinha relações com outros sacerdotes.
A carta do Purpurado de 12 de janeiro de 2019 disse que seus comentários se referiam apenas a rumores sobre o abuso sexual de menores.
"Quando a acusação de abuso sexual de um menor foi feita contra o Arcebispo McCarrick, declarei publicamente que nunca tive conhecimento de nenhuma dessas acusações ou rumores. Essa afirmação estava no contexto das acusações de abuso sexual de menores, que na época era o foco de discussão e atenção da mídia”.
"Embora possam interpretar minha declaração em um contexto diferente, a discussão e julgamento do comportamento do Arcebispo McCarrick se referem ao abuso de menores", escreveu o Cardeal Wuerl.
O Purpurado recebeu uma denúncia em 2004 de Robert Ciolek, ex-sacerdote da Diocese de Metuchen, onde McCarrick foi bispo de 1981 a 1986.
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Em um comunicado de 10 de janeiro de 2019, a Diocese de Pittsburgh disse que Ciolek apareceu em novembro de 2004 perante seu conselho diocesano para discutir a acusação de abuso que ele fez contra um sacerdote de Pittsburgh.
Durante essa reunião, o "Sr. Ciolek também falou de seu abuso pelo então cardeal Theodore McCarrick. Esta foi a primeira vez que a Diocese de Pittsburgh ouviu falar sobre essa acusação", disse o comunicado.
"Poucos dias depois, o então Bispo Donald Wuerl fez um relatório da denúncia ao Núncio Apostólico nos Estados Unidos".
A carta do Cardeal Wuerl não entrou em detalhes sobre as acusações específicas que Ciolek fez contra McCarrick, mas o porta-voz da Arquidiocese de Washington, Ed McFadden, disse na semana passada ao Grupo ACI que na carta foi relatado o comportamento de McCarrick em sua casa na praia de Nova Jersey, onde se denuncia que o arcebispo compartilhava camas com outros seminaristas e trocavam massagens nas costas.
McFadden disse que Ciolek "nunca reclamou um contato sexual direto com McCarrick" em sua queixa ao Cardeal Wuerl.
O Cardeal Wuerl foi nomeado para Washington em 2006. Sua renúncia como Arcebispo de Washington foi aceita em 12 de outubro de 2018, embora tenha sido nomeado para servir como líder interino da Arquidiocese até que seu sucessor possa ser nomeado. Alguns observadores do Vaticano esperam que essa nomeação seja feita antes da cúpula de fevereiro no Vaticano sobre abuso sexual infantil.
A carta do Cardeal de 12 de janeiro reconheceu aos sacerdotes de Washington que a controvérsia em torno de McCarrick "foi prejudicial ao seu ministério e difícil para vocês pessoalmente".
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O Cardeal disse que estava compartilhando sua perspectiva com os sacerdotes enquanto "confiava em sua compreensão".
"Meus comentários não pretendem ser uma autodefesa, mas uma maneira de compartilhar alguns pensamentos pessoalmente com vocês", concluiu.
Confira também:
Dom Viganò escreve a McCarrick: Arrependa-se pelo bem de sua alma https://t.co/Mvv20kAzle
— ACI Digital (@acidigital) 15 de janeiro de 2019