WASHINGTON DC, 16 de jan de 2019 às 16:00
Pe. Marreddy Allam, que serve como exorcista na Diocese de Charleston (Estados Unidos), assinalou que nos últimos cinco anos aumentou o número de pessoas que solicitam um exorcismo; entretanto, esclareceu que nem todos são casos de possessão diabólica.
Quando o sacerdote chegou em 2013 a Carolina do Sul – onde se encontra Charleston –, recebeu dez pedidos de exorcismo. Em 2018, estes números aumentaram para cerca de 45.
Porém, estes números estão longe dos mencionados por Pe. Vincent Lampert, exorcista da Arquidiocese de Indianápolis. Em um relatório de ‘The Atlantic’, ele disse que em 2018 recebeu cerca de 1.700 pedidos de exorcismos.
Um dos casos mencionados por Pe. Allam, mas que não necessitaram de um exorcismo, foi o de uma mulher que sofreu abuso sexual quando era criança e que, já adulta, caiu nas drogas. Além disso, mantinha contato com pessoas que faziam coisas erradas e, por isso, não tinha paz interior nem conseguia comer.
Esta pessoa acreditou que estava possuída pelo demônio e procurou Pe. Allam para um exorcismo. No entanto, o sacerdote lhe disse que não e decidiu acompanhá-la com a oração, ajudou-a a compreender que Deus estava presente e, em seguida, a encaminhou a um terapeuta, para que seguisse um tratamento médico.
Atualmente, a mulher toma medicamentos, tem um trabalho estável e leva uma vida constante de oração. “Você tem a capacidade. Se pede sua vida de volta, pode fazer isso. Literalmente ela o fez”, afirmou o sacerdote em declarações citadas por ‘The Post and Curier’.
Entretanto, por que mais pessoas buscam a expulsão de espíritos malignos? Pe. Jeff Kirby, da Diocese de Charleston, assinalou que “na medida em que nossa sociedade começa a se envolver com áreas de escuridão, isso tem consequências espirituais”. Entre esses aspectos estão a pornografia, as drogas e o alcoolismo. Quanto mais escuridão, mais “maus espíritos”, advertiu.
Segundo ‘The Post and Curier’, alguns sacerdotes dizem que essa virada para o obscuro foi mais evidente em meados do século XX, quando, inclusive dentro da Igreja, começou-se a ver o sobrenatural como algo medieval ou supersticioso. Isso foi se somou a um aumento de atividades espirituais como a ouija.
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“As pessoas não deveriam convidar algo que não conhecem”, advertiu Pe. Bryan Babick, da Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, em Folly Beach.
“Com a crítica da pós-ilustração contra a religião organizada e, é claro, com os escândalos em todas as suas formas, as pessoas buscaram e estão buscando o sobrenatural em outros lugares, como a wicca – uma religião neopagã vinculada à bruxaria – e até mesmo a adoração de Satanás”, assinalou.
Apesar disso, os sacerdotes esclarecem que a maioria das pessoas que buscam exorcismos não estão controladas por demônios. Recordaram que, entre as características de uma pessoa possuída, está a força sobrenatural ou revelar segredos do passado do exorcista. Além disso, os demônios se negam a dizer o nome “Jesus”, assinalou Pe. Allam. Nesse sentido, disse que em seus cinco anos como exorcista, teve apenas um caso de possessão demoníaca.
Na maioria das vezes, as pessoas têm problemas físicos, psicológicos ou metais que acreditam que são causados por demônios. Nesses casos, os sacerdotes rezam com a pessoa, oferecem-lhe apoio espiritual e as encaminham aos especialistas.
“Nem todos os que pensem que estão possuídos estão realmente”, disse Pe. Babick. Entretanto, assinalou que, “às vezes, a ciência médica relacionada à saúde mental não está tão equipada para tratar todas as condições como acredita”.
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— ACI Digital (@acidigital) 20 de dezembro de 2018