PANAMÁ, 26 de jan de 2019 às 06:00
Não poderiam faltar à Jornada Mundial da Juventude Panamá 2019, evento muito especial para a América Central, os nicaraguenses, com seus sofrimentos e dores, mas também com a fé e a esperança colocadas em Deus.
Desde abril de 2018, a Nicarágua passa por uma grave crise sociopolítica, com manifestações em massa contra o governo do presidente Daniel Ortega.
Ortega, ex-guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional, governa a Nicarágua desde 2007, mas já esteve à frente do país entre 1985 e 1990.
Estima-se que mais de 500 pessoas já morreram devido à repressão violenta do governo contra as manifestações.
Kevin Gallego chegou ao Campo Santa Maria la Antigua na última quinta-feira, 24 de janeiro, para participar da cerimônia de acolhida ao Papa Francisco, o que fez segurando um cartaz que se tornou símbolo das manifestações no seu país: S.O.S. Nicarágua.
“Já não queremos mais repressão, queremos que o ditador vá embora”, expressou comovido ao Grupo ACI.
“A Nicarágua está sofrendo muito, muita repressão. Agora, um jovem foi preso só porque estava carregando uma bandeira da Nicarágua”.
Mas a esperança não está perdida. “Viemos para colocar a Nicarágua em oração, para que o Senhor nos ajude, nos proteja e a Virgem Maria também, e que logo se solucione tudo isso”, afirmou.
Além disso, agradeceu que “o Papa Francisco está muito pendente da Nicarágua” e assegurou que “temos essa esperança, de que sempre a Palavra é forte, a Palavra de Deus sempre é vida”.
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O papel da Igreja Católica também foi importante nos últimos meses de crise. Os bispos, como o auxiliar de Manágua, Dom Silvio José Báez, foram claros ao condenar as injustiças do governo de Ortega e denunciar sua violenta repressão.
Mas, denunciar as más ações do governo e de seus partidários tem um custo para a Igreja.
Em julho de 2018, um grupo de paramilitares ligados ao governo de Ortega agrediu verbal e fisicamente o Cardeal Leopoldo Brenes, o Núncio Apostólico, Dom Waldemar Sommertag, e Dom Silvio Báez, durante uma visita pastoral a Diriamba.
Luis Martínez também chegou como peregrino depois de viajar por 36 horas da Nicarágua até o Panamá. “A viagem foi um pouco cansativa”, reconhece, mas “foi com o coração aberto”.
“Sabemos que o país está mal, mas pensando em Deus que vai nos ajudar e nos libertar, com as expectativas desta Jornada da Juventude, é aproveitá-la para todos nós”, assegurou.
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— ACI Digital (@acidigital) 25 de janeiro de 2019