CARACAS, 30 de jan de 2019 às 16:00
O Arcebispo Emérito de Caracas, Cardeal Jorge Urosa, expressou a esperança de que o presidente Nicolás Maduro atenda ao apelo do Papa Francisco e abandone o poder na Venezuela, por causa da grave crise política e humanitária causada pelo regime atual.
"Tomara que Maduro, que é citado sempre pelas palavras do Papa, atenda a estes apelos e abandone o poder, porque a sua gestão foi bastante prejudicial para o povo venezuelano", disse o Cardeal Urosa em declarações ao grupo ACI.
"Os bispos venezuelanos sentimos o apoio constante do Santo Padre em nossa posição crítica diante do governo", acrescentou o Cardeal.
A bordo do avião que o levou do Panamá a Roma depois da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), Francisco expressou que está assombrado com o "derramamento de sangue" na Venezuela e pediu que governo e oposição cheguem a uma solução justa e pacífica para a crise.
"O que mais me assombra? O derramamento de sangue. E aí também peço grandeza para ajudar aos que podem ajudar a resolver o problema", afirmou o Santo Padre.
As declarações do Papa foram feitas depois que foram registrados 40 mortos nos recentes protestos contra a repressão do governo de Nicolás Maduro.
Além disso, no domingo, 27 de janeiro, após rezar o Ângelus no Lar O Bom Samaritano, no Panamá, o Papa também expressou preocupação com o povo venezuelano e pediu "ao Senhor que se busque e se obtenha uma solução justa e pacífica para superar a crise, respeitando os direitos humanos e desejando exclusivamente o bem de todos os habitantes do país. Convido-vos a rezar pondo a Venezuela sob o amparo de Nossa Senhora de Coromoto, Padroeira da Venezuela".
Sobre isso, o Cardeal Urosa indicou ao Grupo ACI que "as numerosas mensagens do Santo Padre Francisco sobre o conflito sócio-político na Venezuela, e a mensagem no Panamá, vão na linha de promover uma solução pacífica e promover a defesa dos direitos humanos e evitar o sofrimento do povo".
"E nós agradecemos essa preocupação constante do Papa Francisco. Eu acho que é uma mensagem muito boa", acrescentou o Arcebispo Emérito.
Não há contato dos bispos com o governo
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Sobre a relação dos bispos com o governo de Maduro, o Cardeal Urosa explicou ao Grupo ACI que, "há bastante tempo, praticamente não há contato com o governo nacional. Estamos abertos a esses contatos, mas como mantemos uma posição crítica em relação ao governo que arruinou a Venezuela e causou tantos danos a tantas pessoas, eles não se aproximam de nós".
"Acabei de voltar de Roma e não tenho nenhuma informação de que tenha havido qualquer negociação entre os bispos venezuelanos e o governo de Maduro", destacou o Cardeal, que nos últimos dias também desmentiu a existência de uma conta sua no Twitter, após a difusão nas redes sociais de um texto atribuído a ele sobre um acordo para que Maduro e alguns funcionários recebam asilo na Nunciatura Apostólica de Caracas.
Por causa disso, a Arquidiocese de Caracas emitiu um comunicado no qual afirma que esta informação é falsa e lembrou que o Cardeal Urosa não tem conta no Twitter.
O Arcebispo também assinalou ao Grupo ACI que a exortação dos bispos venezuelanos publicada em 9 de janeiro "qualifica como moralmente inaceitável a pretensão de Maduro e de seus aliados de continuarem a governar o país após o fracasso de sua administração. E qualificamos as eleições de maio de 2018 como ilegítimas e falsas ".
Na Venezuela, a situação está se tornando cada vez mais tensa devido a tomada de posse de Maduro para um segundo mandato presidencial, considerado ilegítimo pelos bispos venezuelanos e por vários países da América e da Europa.
Além disso, o presidente da Assembleia Nacional e deputado da oposição, Juan Guaidó, foi proclamado pelo Parlamento como "presidente interino da Venezuela". Vários governos da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa anunciaram o reconhecimento do líder da oposição.
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— ACI Digital (@acidigital) 28 de janeiro de 2019