Vaticano, 31 de jan de 2019 às 15:30
“Acabar com a discriminação, estigmatização e preconceito” é o tema da mensagem do prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Kodwo AppiahTurkson, por ocasião do 66º Dia Mundial de Combate à Hanseníase, que foi celebrado no domingo, 27 de janeiro.
"A comunidade médica e a sociedade têm experimentado grande progresso nos últimos anos no cuidado das pessoas que sofrem de hanseníase ou lepra. O diagnóstico melhorou e muitos tratamentos são mais acessíveis do que antes, todavia esta doença, infelizmente, atinge ainda principalmente os pobres e os mais necessitados”, denuncia o Cardeal Turkson.
Por isso, recorda com as palavras do Papa Francisco que “é importante manter viva a solidariedade para com estes irmãos e irmãs, que permaneceram inválidos a seguir à contração deste mal”.
“Jesus foi um modelo para este tipo de cuidado. O que inspirava profundamente Cristo no encontro com os leprosos deve agora nos inspirar, na Igreja e na sociedade", assinala o prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Nessa linha, "uma terapia com diversos medicamentos e centros clínicos especializados tem se mostrado eficaz no tratamento dessa doença, no entanto, nenhuma instituição pode substituir o coração ou a compaixão humana, quando é necessário enfrentar o sofrimento do outro".
A mensagem também lembra a pregação da passagem bíblica da cura do leproso no Evangelho de São Marcos, na qual o Papa Francisco "indica o poder e a eficácia de Deus para sair ao encontro do nosso desejo mais profundo de ser amados e cuidados”. “A misericórdia de Deus – recorda – supera todas as barreiras e a mão de Jesus toca” o leproso.
Por outro lado, este ano comemoramos 10 anos da canonização de São Damião de Veuster, sacerdote da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, que serviu como missionário em uma comunidade de leprosos da ilha de Molokai no Havaí.
São Damião escolheu permanecer na ilha e, logo depois, também ficou doente. “Pregou o Evangelho da misericórdia a uma comunidade da qual geralmente as pessoas se afastavam, mostrando assim a proximidade de Deus aos leprosos”.
Além disso, o Papa Francisco na exortação apostólica Evangelii Gaudium aborda a atitude humana de abraçar "um excesso de ativismo" quando se trata de servir aos pobres e necessitados. O que Deus quer de cada um de nós, explica, é "uma atenção prestada ao outro, considerando-o como um só consigo mesmo".
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Em uma homilia da Missa na Casa Santa Marta, o Santo Padre comentou que "à profunda conversão de São Francisco de Assis contribuiu um gracioso encontro com um leproso. No final, ele se encarregou dessa pessoa – o leproso, figura do Cristo crucificado – ajudou-o e beijou-o. Todo encontro autêntico tem o poder de devolver a vida e a esperança".
Nesse sentido, a mensagem explica que "em um nível prático, há muitas maneiras de facilitar esse encontro com pacientes de hanseníase”, como através de instituições médicas e sistemas locais de assistência, colaborando com as agências governamentais e as ONGs “para criar alianças que ajudem a longo prazo as pessoas afetadas por esta doença".
Outra questão fundamental no caminho para o progresso é a construção da consciência, especialmente nos países onde a hanseníase é uma doença endêmica. "Aqui o poder da educação e a contribuição da ciência” podem ajudar muito as pessoas diagnosticadas com hanseníase a encontrar uma solução e ajudar nossas comunidades a alcançar uma mão benevolente e receptiva, afirmou.
Da mesma forma, "as próprias comunidades devem se esforçar diariamente para eliminar discriminações, estigmatizações e preconceitos, trabalhando para a completa integração da pessoa em todas as suas dimensões físicas e espirituais".
São Paulo VI falou de um desenvolvimento "de todo homem e de todos os homens". "Quando os leprosos fazem o tratamento clínico, merecem receber um olhar de amor, de fraternidade e, portanto, devem ser aceitos socialmente de acordo com a sua dignidade espiritual, para o desenvolvimento humano integral poder encontrar a sua mais pura expressão em uma cura autêntica" .
No final da mensagem, o Cardeal Peter Turkson agradeceu "todos aqueles que trabalham incansavelmente para ajudar aqueles que sofrem de lepra e proporcionar alívio eficaz para o doente", e confia à "poderosa intercessão da Virgem Maria, Saúde dos Doentes" para que seja próxima nesta tentativa de "superar a hanseníase, assim como a estigmatização, a discriminação e o preconceito em todas as suas formas".
Confira também:
Vaticano pede que se ajude os doentes de lepra e não os discrimine https://t.co/ZUPBS4bVmq
— ACI Digital (@acidigital) 30 de janeiro de 2017