Vaticano, 6 de fev de 2019 às 09:09
Na coletiva de imprensa que concedeu no voo de regresso a Roma, depois de visitar os Emirados Árabes Unidos, o Papa Francisco falou sobre a carta que lhe foi enviada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pedindo sua mediação diante da grave crise que afeta o país, quando cada vez mais governos reconhecem Juan Guaidó como legítimo presidente legítimo venezuelano.
"Eu soube antes da viagem que chegara com a mala diplomática uma carta de Maduro. Eu ainda não a li, vamos ver o que pode ser feito. Mas, para que ocorra uma mediação, é necessária a vontade de ambas as partes, ambas as partes pedindo. Esse foi o caso da Argentina e do Chile", disse o Santo Padre.
O Papa se referiu à mediação de São João Paulo II para evitar uma guerra entre a Argentina e o Chile em 1978. Francisco lembrou que o santo polonês aceitou o pedido de ambas as nações e impediu a guerra pela disputa do Canal de Beagle.
Em sua resposta à pergunta da jornalista Sagrario Ruiz, Rádio Nacional de Espanha, Francisco disse que "a Santa Sé na Venezuela esteve presente no momento do diálogo em que havia (o ex-primeiro-ministro espanhol) Zapatero e Dom Tscherrig e depois continuou com Dom Celli. E ali não nasceu nada, fumaça".
Dom Claudio Maria Celli, representante do Vaticano no diálogo entre a oposição venezuelana e o governo Maduro, renunciou ao cargo de facilitador em janeiro de 2017, depois que o regime não cumpriu os pontos do acordo feito em 30 de outubro de 2016.
Os quatro pontos do acordo foram: o compromisso de implementar medidas para aliviar a grave crise de abastecimento de alimentos e medicamentos, que as partes elaborem um calendário eleitoral que permita que os venezuelanos decidam o futuro sem adiamento, que as medidas necessárias sejam tomadas para restaurar o mais rapidamente possível à Assembleia Nacional o papel previsto na Constituição, e que os instrumentos legais sejam aplicados para acelerar o processo de libertação dos detidos.
Além de Dom Celli, vários ex-presidentes como Rodríguez Zapatero e Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, acompanharam o diálogo na Venezuela.
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Sobre a possível mediação nesta crise, o Papa Francisco disse no avião: "Agora vou ver essa carta, vou ver o que pode ser feito. Mas com a condição de que ambas as partes solicitem. Eu estou sempre disposto".
Guaidó não solicitou a intervenção do Papa diante da crise na Venezuela.
"Quando as pessoas vão até ao padre é porque há um problema entre o marido e a mulher, primeiro vai um deles. Mas se pergunta: a outra parte quer ou não quer? Sempre as duas partes. Esse é o segredo", disse o Santo Padre.
“Também para os países, essa é uma condição que deve fazê-los pensar antes de pedir uma facilitação ou uma mediação. As duas partes sempre. Obrigado", concluiu.
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— ACI Digital (@acidigital) 5 de fevereiro de 2019