CARACAS, 22 de fev de 2019 às 18:00
A presidência da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) pediu em um comunicado que "deixem entrar e distribuir ajuda humanitária em paz", já que "atende a situações graves de crise, e não a interesses políticos".
A CEV, durante uma coletiva de imprensa realizada na quainta-feira, 21 de fevereiro, informou sobre as condições graves em que o povo está vivendo e insistiu em seu chamado ao regime de Nicolás Maduro para ouvir "o clamor do povo".
Diante da crise na Venezuela, sobre a escassez de alimentos e medicamentos, a Assembleia Nacional "tomou a iniciativa de organizar esta ajuda", com o apoio de outros países e abrir um canal humanitário que foi muitas vezes negado pelo regime de Chávez.
Atualmente, as ajudas de medicamentos e alimentos estão armazenadas em Cúcuta (Colômbia), Roraima (Brasil), e os Países Baixos também ofereceram Curaçao para receber doações internacionais.
De acordo com Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e autoproclamado "presidente interino" da Venezuela, esta ajuda iria começar a entrar no sábado, 23 de fevereiro, apesar da oposição de Maduro, que nega que haja uma crise humanitária.
Em seu comunicado, os Bispos recordaram que "o regime tem a obrigação de atender as necessidades da população, e, para isso, facilitar a entrada e distribuição da ajuda humanitária, evitando qualquer tipo de violência repressiva".
Indicaram que solicitar e receber ajuda "não é nenhuma traição à pátria", como afirma Maduro, mas "um dever moral que cabe a todos nós".
Também mencionaram o trabalho pastoral e social que a Igreja realiza através da Cáritas. Nesse sentido, renovaram o compromisso de contribuir com a experiência desta instituição na recepção e distribuição de ajuda humanitária, junto com outras organizações.
"A ajuda consiste principalmente em porções de emergência e suplementos para crianças e idosos com déficit nutricional e suprimentos médicos, principalmente terapêuticos. É limitada em cobertura e tempo", explicou a CEV no comunicado.
A presidência da CEV fez um chamado à "Força Armada Nacional, para se colocar ao lado do povo ao qual pertence", observando que seus membros juraram cumprir a Constituição e "têm como principal destinatário o povo venezuelano".
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"Têm o compromisso de defendê-lo, proteger seus direitos inalienáveis e proteger sua dignidade humana. Em consciência, não devem executar ordens que atentem contra a vida e a segurança da população", afirmaram os bispos.
Os prelados pediram a intercessão da Virgem de Coromoto, padroeira da Venezuela, para acompanhar o povo "neste momento de tanta esperança para o país" e para fazer realidade o que Cristo ensinou: "Eu vim para que tenham vida e vida em abundância".
Segundo a pesquisa da ONG Médicos para a Saúde, até três anos atrás, em hospitais públicos, 90% dos dispositivos médicos necessários estavam faltando.
Quase 18 mil pacientes de Parkinson não conseguem ter acesso ao tratamento que custa entre 400 e 600 dólares por mês, levando em conta que o salário mínimo é em média cerca de seis dólares.
Enquanto isso, na cidade de Cúcuta, fronteira com a Colômbia, espera-se que a ajuda humanitária armazenada entre no sábado, 23 de fevereiro, onde milhares de voluntários vão chegar de ônibus para apoiar a sua entrada, de acordo com Juan Guaidó.
Da mesma forma, na quinta-feira, foi realizado em todas as paróquias de Cúcuta o "Dia de Oração pela Venezuela".
Confira também:
Bispo da Venezuela a Maduro: Abra os olhos para ver o sofrimento do povo https://t.co/A8c1keQ7ek
— ACI Digital (@acidigital) 14 de fevereiro de 2019