Vaticano, 28 de fev de 2019 às 15:00
O Papa Francisco incentivou a estender a amizade e o diálogo entre judeus e cristãos para "além das fronteiras da comunidade científica" durante uma audiência realizada nesta quinta-feira, 28 de fevereiro, por ocasião do 50º aniversário da morte do Cardeal Augustin Bea.
O Cardeal Bea foi um sacerdote jesuíta alemão que participou do Concílio Vaticano II e colaborou no diálogo inter-religioso e nas relações ecumênicas da Igreja Católica no período pós-conciliar.
Durante seu discurso na Sala do Consistório do Palácio Apostólico, o Santo Padre afirmou que “seria bonito que, na mesma cidade, rabinos e párocos trabalhassem juntos, com as respectivas comunidades, a serviço da humanidade que sofre e promovendo caminhos de paz e de diálogo com todos".
Nessa linha, agradeceu o compromisso da delegação do Centro "Cardeal Bea", encabeçada pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, e desejou que possa ser criada "uma maior comunhão” entre cristãos.
Além disso, o Papa Francisco destacou a memória do Cardeal Augustin Bea "e sua influência decisiva sobre documentos importantes do Concílio Vaticano II", dos quais destacou entre alguns dos temas atuais "as relações com o Judaísmo, a unidade dos cristãos, a liberdade de consciência e de religião".
No entanto, o Papa explicou que o Cardeal Bea não deve ser lembrado apenas pelo que fez, mas também através do "modo como o fez", por isso, disse o Papa, é "um modelo inspirador para o diálogo ecumênico e inter-religioso", sobretudo na “compreensão dos outros".
"O Cardeal Bea era convicto de que o amor e o respeito são os primeiros princípios do diálogo", disse o Papa e destacou o amor "como capacidade de acolher", a bondade para criar "vínculos de amizade, relações fundadas na fraternidade que nos irmana enquanto criatura de Deus que é Pai e nos deseja irmãos”. Por tudo isso, explicou que se requer um "temperamento corajoso", descrito pelo Padre Congar como "paciência obstinada".
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Do mesmo modo, o Santo Padre destacou que o Cardeal Bea enfrentou resistência em seu trabalho pelo diálogo, sendo até mesmo acusado e caluniado, mas "seguiu em frente, com a perseverança de quem não renuncia a amar". Acrescentou ainda que "foi realista sobre o futuro da unidade: por um lado, consciente das dificuldades, por outro lado, convencido da necessidade de responder ao desejo sincero do Senhor de ser ‘uma coisa só’".
O Concílio como ponto de partida
Por outro lado, o Papa citou as palavras do Cardeal Bea de que o Concílio Vaticano II "não poderá ser um ponto de chegada, mas, sim, um ponto de partida" e recordou o "frutuoso caminho realizado no diálogo entre hebreus e católicos" após o trabalho de Bea e sua escola no Centro que leva seu nome dentro da Universidade Gregoriana de Roma.
Ao finalizar, o Papa Francisco motivou a que a memória da figura e das obras do Cardeal Bea seja um "estímulo na busca da unidade entre os cristãos e na promoção concreta de uma amizade renovada com os irmãos hebreus" e, por último, concedeu sua bênção apostólica.
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— ACI Digital (@acidigital) 6 de novembro de 2018