MADRI, 11 de mar de 2019 às 18:00
Faz 15 anos que ocorreram os atentados de 11 de março de 2004, em Atocha (Espanha), no qual 193 pessoas morreram e mais de duas mil ficaram feridas. Esther Sáenz estava viajando no vagão onde a bomba explodiu na estação de El Pozo e, embora os médicos tenham afirmado lhe restavam apenas 24 horas de vida, ela conseguiu sobreviver e experimentou uma profunda conversão no Senhor.
Esther Sáenz era farmacêutica, tinha dois filhos e, em 11 de março de 2004, viajava no trem em direção a Atocha, Madri, onde várias bombas explodiram em um ataque terrorista.
O vagão em que Esther viajava foi o que teve o maior número de mortos e apenas ela e outra pessoa sobreviveram.
"Tudo parecia sem sentido. Eu chorava muito, desesperada. Até que uma voz por dentro me disse: ‘não tenhas medo’. Então eu, irritada, pensei: não dizia que sempre estaria comigo? Por que permitiu isso? Então, entendi que não podia brigar com Deus por nada, porque Ele não havia feito isso comigo. Nunca antes tinha dedicado um segundo de tempo para ver as ofensas que eu tinha feito a Ele. Eu conheci o olhar de Cristo", disse Sáenz em um encontro na Universidade de Navarra (Espanha).
Em uma entrevista concedida a HM Television, Esther lembrou que experimentou "uma conversão radical a Nosso Senhor" enquanto estava na UTI do Hospital Gregorio Marañón, em Madri.
"Quando estava convencida de que estava morrendo porque não sentia meu corpo (...) senti que Cristo preenchia todos os meus vazios, que estava dando sentido a minha possível morte", assegurou.
Segundo ela, nesse momento sentiu algo como: "que pena Esther que teve que passar por uma coisa assim para perceber quem sou Eu".
"Foi tremendo. Foi impressionante, eu nunca senti nada assim na minha vida. Teve que se despojar das coisas que estava colocando entre você e Eu, apesar de achar que fosse muito fiel. Era uma católica convencional de uma fé herdada ", recordou.
Nesse momento, os médicos disseram a seu marido que Esther não sobreviveria porque seu quadro clínico era muito grave. "Os médicos me deram 24 horas de vida", recordou.
Mas se recuperou e, desde então, passou por 13 cirurgias e atualmente tem uma deficiência de 67%.
Esther enfrentou estas cirurgias como "algo que fazia parte de sua conversão, era como se eu sentisse que tinha que fazer algo por Ele, já que Ele tinha feito muito por mim".
Por isso, assegura que "todas essas cirurgias foram oferecidas (...). Quando já estava na sala de cirurgia, dizia ao Senhor: 'Será o que Tu quiseres, mas sempre para um bem maior'".
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"Às vezes oferecia por conversões concretas ou situações de pessoas que estavam passando momentos difíceis, e às vezes oferecia pelo que o Senhor queria. Acredito muito na comunhão dos santos e uma Ave Maria bem rezada pode fazer um grande bem, talvez na Ásia", afirmou.
Esther se lembra da cirurgia mais difícil pela qual passou. Foi uma intervenção na qual removeram, sem anestesia, alguns "expansores" da cabeça.
"Eu lembro que a enfermeira subiu em cima de mim para que eu não me mexesse, porque do contrário o desmembramento seria maior ainda. Disse-me ‘pode gritar se quiser’, o que me fez pensar que seria tremendo. Eu não gritei, mas disse ao Senhor: 'Ajuda-me, por favor. Ajuda-me'".
"Quando subi para o quarto, pedi à enfermeira que pegasse um terço, com o qual sempre durmo, que é de João Paulo II e que o Cardeal Rouco deu àqueles que estavam na UTI [pelo atentado de 11M]. Eu só queria abraçar a dor com o Senhor. Esconder-me nas feridas do Senhor", recorda.
Embora o atentado a tenha deixado em absoluta e permanente incapacidade para qualquer trabalho e ainda sofra muitas consequências, Esther diz que está feliz.
"Sinto-me muito feliz, porque tudo no meu dia tem um significado aos olhos do Senhor", precisa.
"Gostaria de dar a mensagem de que não podemos perder tempo e que o Senhor espera algo muito concreto de nós, capacitou-nos para amar em situações muito concretas, não podemos ser crianças na fé constantemente esperando receber e receber", assegura.
Também envia uma "mensagem de perdão", "perdoar sempre. Sob qualquer circunstância. Perdoar sempre porque o Senhor nos perdoa e lhe ofendemos muito e não nos pergunta por que lhe ofendemos. Ele disse: o que mais quer que faça por você? É necessário reconhecer-se pecador antes de reconhecer os pecados dos outros”.
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— ACI Digital (@acidigital) 11 de setembro de 2018