Há uma cena no filme "O Senhor dos Anéis", baseado no livro do autor católico J. R. R. Tolkien, na qual o objetivo de destruir todo o poder do anel maligno parece não ter esperança. A escuridão e o perigo rodearam Frodo, o pequeno hobbit que recebeu a missão de destruir o anel desde que deixou sua casa no condado.

Esta foi a cena que o Arcebispo de Filadélfia (Estados Unidos), Dom Charles Chaput, lembrou aos estudantes da University of Mary, em Bismarck, Dakota do Norte, na noite de quarta-feira, 20 de março, quando falava aos estudantes sobre suas vocações e o propósito de suas vidas.

"Em um momento de desespero, Frodo vai até o seu amigo mais fiel, o hobbit Samwise Gamgee, que se recusou a abandoná-lo, e lhe pergunta se vale a pena continuar com a missão aparentemente impossível. Sam responde que sim, ‘porque há algo bom no mundo, Senhor Frodo, e vale a pena lutar por isso’", expressou o Purpurado.

"Assim como os hobbits não ficaram no Condado, os cristãos também são chamados a sair de suas casas e lugares de formação para se comprometer com o mundo e anunciar o Evangelho", assegurou.

O Cardeal recordou que os "hobbits" são "chamados a abandonar suas casas e a uma grande guerra entre o bem e o mal pela alma do mundo em geral, uma guerra na qual desempenham o papel decisivo, precisamente porque são pequenos e aparentemente sem importância”.

Disse também que "Deus nos chama a todos, não só para renovar a face da terra com seu Espírito, mas para renovar o coração da Igreja com nossas vidas, para fazê-la jovem e bonita novamente, para que brilhe com seu amor para o mundo. Essa é a nossa tarefa. Essa é a nossa vocação. Essa é a vocação, uma vocação de Deus com o nosso nome”.

Também mencionou que o mundo exterior tem uma necessidade desesperada de se refazer, inclusive a partir de dentro da Igreja Católica, e que "muitas pessoas se sentem irritadas com seus líderes na Igreja por causa do escândalo dos abusos, e com razão". Por outro lado, afirmou que não "deseja diminuir essa raiva porque precisam dela; uma vez que tem raízes saudáveis ​​e justas" e que a resposta correta deve ser a humildade, que purifica tanto o indivíduo como a Igreja. “Como Santa Catarina de Sena, que através de sua santidade e persistência convenceu o Papa a voltar para Roma", expressou.

"Atualmente, o norte-americano está preocupado com três grandes perguntas: O que é o amor? O que é a verdade? Quem é Jesus Cristo?", disse. "O mundo secular respondeu a cada uma dessas grandes perguntas. E são falsas", advertiu.

Expressou que "o mundo define o amor apenas com emoções e compatibilidade sexual, assim como define a verdade como algo que só pode ser observado através de dados objetivos e mensuráveis".

"O mundo também diz que Jesus Cristo foi um homem bom em uma longa linhagem de bons mestres, uma boa crença supersticiosa em vez de uma pessoa real: o Filho de Deus e Salvador do mundo", afirmou.

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"A chave para todas estas respostas seculares é esta: não são apenas falsas, mas também perigosas. Reduzem o nosso espírito humano a nossos apetites. Reduzem a imaginação humana e a busca de sentido ao que consumimos. E é porque o coração humano tem fome de um significado que a cultura secular não pode proporcionar, anestesiamos esta fome com barulhos, drogas, sexo e distrações. Mas a fome sempre volta”, disse.

De acordo com o Bispo, o mundo secular oferece respostas fáceis, mas não oferece respostas satisfatórias para algumas das perguntas humanas mais profundas que a pessoa pode se perguntar: "Por que estou aqui? O que minha vida significa? Por que as pessoas que eu amo envelhecem e morrem? Eu os verei novamente?". "O mundo secular não responde satisfatoriamente a nenhuma dessas perguntas", assinalou.

Mencionou que as chaves para encontrar a vocação e o propósito na vida são o silêncio e a oração, que deixam espaço para a voz de Deus. "Reservar tempo para o silêncio e a oração deve ser nossa principal prática da Quaresma, mas especialmente para quem busca a vontade de Deus em sua própria vida", indicou.

O Arcebispo motivou os alunos a "recordar que estão vivendo neste momento por uma razão e podem, por sua santidade e testemunho de suas vidas, remodelar os tempos de adversidade".

"Como Bispo, Santo Agostinho viveu em uma época em que o mundo inteiro parecia desmoronar, e a própria Igreja lutava contra as amargas divisões teológicas. Mas cada vez que seu povo reclamava da escuridão dos tempos, ele lhes recordava que os tempos são feitos pelas escolhas e ações das pessoas que os habitam", disse.

Recordando novamente o "Senhor dos Anéis", reafirmou que "há algo bom no mundo e vale a pena lutar". "Essa é uma descrição muito boa da vocação que Deus pede a cada um de nós", expressou.

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