O diretor de L'Osservatore Romano, Andrea Monda, rejeitou os argumentos utilizados pela jornalista Lucetta Scaraffia, colaboradora do jornal vaticano e diretora do suplemento Donna Chiesa Mondo (Mulheres, Igreja, Mundo) para renunciar a suas responsabilidades.

Segundo Scaraffia, o motivo de sua renúncia e da equipe editorial da revista são as pressões e a deslegitimação de seu trabalho por parte da direção de L’Osservatore Romano.

No entanto, em um comunicado divulgado nesta terça-feira, 26 de março, pela Sala de Imprensa do Vaticano, Andrea Monda, diretor nomeado em dezembro de 2018, assegura que sempre "garantiu à professora Scaraffia, e ao grupo de mulheres da redação, a total autonomia e a mesma e total liberdade que caracterizou o suplemento mensal desde que nasceu".

O diretor defende que sempre se absteve "de interferir de qualquer forma na elaboração do suplemento mensal do jornal, e limitei-me a oferecer minha contribuição (na proposta de temas e de pessoas que poderiam se envolver) à livre avaliação da professora Scaraffia e da redação do suplemento".

"Minha vontade não foi de forma alguma depreciar o suplemento Donne Chiesa Mondo, que teve seu orçamento aprovado de forma integral e garantida a sua tradução e difusão em diferentes países, apesar da necessidade geral de conter os gastos da Cúria”.

Assegurou: "Meu compromisso foi, e continua sendo, melhorar a edição diária de L'Osservatore Romano, certamente não em termos de competência, mas de complementaridade com o suplemento, como é natural e justo que seja".

"De maneira alguma – continuou Andrea Monda – selecionei alguém, homem ou mulher, com critérios de obediência. Muito pelo contrário, evitei interferir no suplemento mensal, solicitei, na elaboração diária, pontos de vista realmente livres, não construídos sobre o mecanismo de uns contra os outros, ou de grupos fechados".

"Fiz isso, precisamente, como sinal da abertura e da parresia pedida pelo Papa Francisco, em cujas palavras e em cujos ensinamentos todos nós nos reconhecemos", destacou.

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Também explicou que "se, com base nas notícias eclesiais e culturais, dediquei atenção a questões como a pluralidade e a diferença no mundo da Igreja, isto decorre apenas da centralidade que estas questões adquiriram, precisamente graças ao papel das mulheres".

Por exemplo, "na próxima segunda-feira, 1º de abril, acontecerá no local da redação uma mesa redonda a partir da publicação do ensaio assinado por 17 teólogos e estudiosos de referência, intitulado: ‘A voz das mulheres’”.

"Quanto ao futuro do suplemento mensal de L'Osservatore Romano, posso assegurar que não estava em discussão. E que sua história não se interrompe, mas continua. Sem clericalismos de nenhum tipo".

No comunicado, Andrea Monda desejou "tudo de bom" a Lucetta Scaraffia e mostrou-lhe "sincera gratidão pelo precioso trabalho realizado nestes anos com grande esforço e plena liberdade".

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