PORTO, 28 de mar de 2019 às 15:00
Salvador, este é o nome do bebê que nasceu nesta quinta-feira, 28 de março, no Porto (Portugal), filho da canoísta Catarina Sequeira, que está em morte cerebral desde dezembro de 2018.
O parto da criança foi confirmado pelo Hospital São João, no Porto. O nascimento estava previsto para a próxima sexta-feira, quando completaria 32 semanas de gestação. Entretanto, foi adiantado para a madrugada desta quinta-feira, devido a “circunstâncias clínicas maternas”, a fim de “reduzir potencial dano do bebê”.
“O Salvador nasceu com 31 semanas e 6 dias, 1700 gramas e 41 centímetros”, informou em coletiva de imprensa Filipe Almeida, médico que dirige a comissão de ética e o serviço de humanização do Hospital de S. João.
Segundo ele, o bebê “apresentou no momento do nascimento significativa dificuldade respiratória e como tal foi necessária realizar ventilação mecânica”. Por isso, está “internado no serviço de neonatologia com evolução favorável dentro do contexto de bebê prematuro”.
“O pai do Salvador acompanhou e participou em todo o processo ao longo dos 56 dias em que a mãe esteve internada em suporte orgânico e está com o filho desde o parto”, disse o médico.
A canoísta Catarina Sequeira, de 26 anos, teve um ataque de asma quando estava com 12 semanas de gestação e foi levada ao Hospital de Santos Silva, em Gaia, onde ficou em coma induzido. Mas, entrou em morte cerebral em 26 de dezembro de 2018, às 19 semanas de gravidez.
A jovem, então, foi transferida ao Hospital São João, onde foi mantida “em suporte orgânico até se atingirem as condições de maturidade fetal necessárias para a realização do parto”, segundo informou o centro médico.
Para poder seguir com a decisão de manter Catarina ligada ao suporte de vida, a família se reuniu com a Comissão de Ética do Hospital.
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Em uma entrevista concedida a rede de televisão SIC, a mãe de Catarina, Maria de Fátima Branco, contou que a família, então, decidiu por manter a jovem ligada ao suporte de vida para dar continuidade à gravidez. “A Catarina era uma miúda independente e responsável e doeu-me muito ter que decidir o futuro dela e do filho”, declarou.
Segundo Maria de Fátima, para tomar esta decisão, levaram em conta muito o pai do bebê, Bruno, que “sempre quis viver a paternidade”.
Por sua vez, Carlos Lima Alves, o diretor clínico do hospital, declarou na coletiva de imprensa que “não foi difícil tomar a decisão, porque as posturas foram consoantes”.
Além disso, Teresa Honrado, do serviço de medicina intensiva da unidade hospitalar, afirmou que esta “foi uma decisão por um bem maior, o bebê” e que “já estava tomada quando a doente veio de Gaia para o Hospital de São João”.
Este foi o segundo caso de um bebê que nasce com a mãe em morte cerebral, em Portugal. O primeiro ocorreu em 2016, em Lisboa, quando Lourenço Salvador nasceu em 7 de junho, às 32 semanas de gestação, 15 semanas após a morte cerebral de sua mãe, em decorrência de uma hemorragia intracerebral.
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— ACI Digital (@acidigital) 9 de junho de 2016