PEQUIM, 3 de abr de 2019 às 17:00
A cidade de Guangzhou, capital da província chinesa de Guangdong, está oferecendo compensações econômicas aos seus habitantes em troca de informações sobre "grupos religiosos ilegais", no marco das ações do Partido Comunista da China para encerrar todas as atividades religiosas no país asiático.
Segundo informa Associated Press (AP), o site do Departamento de Assuntos Étnicos e Religiosos de Guangzhou oferece até 10 mil yuanes (cerca de 15 mil dólares) por informações de grupos religiosos que permitam prender seus principais líderes.
Outras recompensas menores são oferecidas por informações sobre eventos religiosos não autorizados e informações de pessoas que incentivam o "extremismo religioso".
A liberdade religiosa é garantida na Constituição Chinesa, mas grupos religiosos devem ser registrados pelo governo e devem aceitar o controle do Partido Comunista da China.
Grupos não registrados sofrem perseguição, o que inclui detenção e doutrinação, a destruição de santuários e edifícios eclesiásticos e a permanência em campos de trabalhos forçados.
Os católicos na China vivem divididos há muitos anos entre a Igreja Católica clandestina ou subterrânea, que é fiel à Santa Sé e por isso sofre perseguição, e a Associação Patriótica Católica da China, que é controlada pelo governo.
Em setembro de 2018, o Vaticano e o governo comunista chinês assinaram um acordo provisório para a nomeação de bispos. A ideia do acordo, segundo alguns analistas, é também unificar a Igreja clandestina com a Associação Patriótica.
Um dos críticos mais duros do acordo é o Cardeal Joseph Zen Ze-kiun, Bispo Emérito de Hong Kong, que considera que, com o acordo, estão “vendendo” a Igreja na China.
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Na semana passada, as autoridades da província de Hebei novamente prenderam um bispo clandestino e seu vigário geral, enquanto outro líder católico da Igreja em Hong Kong foi preso.
Desde 2013, o presidente da China, Xi Jinping, incentiva o controle das religiões e pede que elas sejam adaptadas aos ideais comunistas porque, de outro modo, constituem uma ameaça.
Em 2017, o mandatário disse que os vários credos no país asiático deveriam estar mais "orientados para a China".
Desde que assumiu o poder, estima-se que cerca de 1.500 cruzes foram retiradas de diversas igrejas.
Além disso, há vários relatórios sobre a destruição ou dessacralização de igrejas e santuários em diferentes partes da China, como nas províncias de Hebei, Henan, Guizhou, Shaanxi e Shandong.
Confira também:
Polícia prende novamente bispo clandestino https://t.co/Nn3fSAchzw
— ACI Digital (@acidigital) 1 de abril de 2019