MADRI, 8 de ago de 2005 às 18:25
O Presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, Cardeal Julián Herranz Casado, animou aos cristãos a reagir contra o “joio fundamentalista laicista e anti-católico” que no seu país, Espanha, semeiam alguns meios de informação e ambientes políticos e a “demagogia libertária” desenvolvida sobre o matrimônio.
O Cardeal apelou aos espanhóis à prudência e a não dormir, pois “é tempo de sacudir a preguiça e a sonolência. Não esqueçam que lugares da terra que foram em outros tempos testemunhas de Igrejas florescentes são atualmente um deserto, onde não se pronuncia o nome de Cristo”, disse o Cardeal de 75 anos.
O Presidente do Pontifício Conselho fez estas manifestações durante a homilia que pronunciou este domingo na igreja “Conceição de Nossa Senhora”, em Madri, ao celebrar as bodas de ouro de sua ordenação sacerdotal.
“Não é verdade, como repetem na Espanha alguns porta-vozes do agnosticismo religioso e do relativismo moral, que a doutrina de Cristo é negativa e ‘repressiva’, que a Igreja Católica aparece como uma ‘relíquia do passado’. Estão toaltmente errados, o Cristianismo é uma insuperável historia divina de amor, de esperança e de liberdade”, disse o Cardeal.
Com dor, “porque são meus irmãos, espanhóis e possivelmente batizados”, assinalou que são eles “os que caminham para trás e para baixo, em uma crescente degradação cultural e moral, sob o impulso de uma ideologia libertária que humilha o verdadeiro conceito de progresso e de liberdade”.
“Quanto joio, fruto de um apaixonado ‘fundamentalismo laicista’ e anti-católico, foi e é semeado desde alguns meios de informação e ambientes políticos: inventam-se direitos que não existem e, em troca, negam ou fazem difícil o exercício de direitos e princípios jurídicos verdadeiros, apoiados na mesma dignidade da pessoa e no bem comum da sociedade: e, por isso, anteriores a qualquer sistema político, de esquerda ou de direita!”, disse o Cardeal.
Ante numerosos bispos, sacerdotes e paroquianos, o Cardeal de origem cordovesa disse que as atuais circunstâncias da Espanha lhe recordam a parábola do trigo e o joio e que se neste país cresceu tanto o joio é porque não houve correspondência, porque os cristãos se adormeceram e consentiram “que o inimigo se aproximasse”.
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Assim, o Cardeal ressaltou “quanta demagogia libertária existe contra o próprio conceito não só cristão senão também natural do matrimônio assim como contra o valor social e a estrutura antropológica da família, parte essencial do bem comum da nação”.
Do mesmo modo, detalhou que esta demagogia atenta “contra os direitos e a dignidade do ser humano desde sua concepção até a morte natural; contra os inalienáveis direitos dos pais na educação religiosa de seus filhos, também nas escolas públicas, que eles sustentam economicamente; contra o valor histórico, cultural e social do cristianismo e das obras benéficas, educativas e sociais promovidas pela Igreja Católica, também mediante a livre iniciativa dos cidadãos católicos –mais ou menos praticantes–, que na Espanha representam o 90% da população”.
Contra o pessimismo
Entretanto, diante do crescimento do joio, o Cardeal Herranz assinalou que seria um engano ser pessimista, “duvidar da vitória final de Cristo sobre o mal semeado no mundo”, embora advertiu que também seria errado justificar “a inconsciência, burguesamento ou a passividade” dos cristãos diante "da diligente e tenaz semeiadura de joio que outros fazem”.
Assim, o Cardeal animou aos cristãos espanhóis a não cair “na tentação egoísta de 'isso não vai comigo', ou 'a minha família não lhe cabe” e fez um chamado à “coerência”
Bento XVI: “longo e luminoso sacerdócio”
Ao início da Missa, o Núncio Apostólico na Espanha, Dom Manuel Monteiro do Castro, leu a mensagem na qual o Papa Bento XVI agradeceu ao Cardeal Herranz por “um longo e luminoso sacerdócio” e repassou os principais marcos de seus 50 anos de ministério sacerdotal.