BUENOS AIRES, 9 de ago de 2005 às 16:22
Os representantes das três religiões monoteístas presentes na cidade de Buenos Aires assinaram na terça-feira de manhã uma declaração conjunta contra "toda forma de fundamentalismo e terrorismo".O documento foi assinado na Cúria Arquidiocesana de Buenos Aires pelo Arcebispo local, Cardeal Jorge Bergoglio; o primeiro Vice-presidente da DAIA, Leão Cohen Bello; o Presidente da AMIA, Luis Grynwald (ambos os judeus); e o Presidente do Centro Islâmico, Omal Helal Massud.
A apresentação da declaração esteve a cargo do porta-voz do Arcebispado, Paidre Guillermo Marco, quem assegurou que os "atos violentos" são perpetrados por "indivíduos e nada, embora relacionem, tem a ver com as religiões que representamos".
"Queremos trabalhar pelo bem comum e condenar tudo o que produz terror e destrói. Contra todo terrorismo, tanto o imperial como o estrutural", sublinhou o Cardeal Bergoglio.
Cohen Bello assinalou que este é "um exercício de militância pela vida"; enquanto que Massud esclareceu que "o Islã não é terrorismo, mas sim uma religião de paz".
Ao final da cerimônia, o Cardeal Bergoglio pediu orar em silencio pelas vítimas dos atentados terroristas na Argentina e pelo "tão estimado e querido" Adel Made, do Centro Islâmico, que morreu há uma semana e obrigou a pospor a assinatura deste texto inter-religioso.
"Todas as comunidades presentes na Cidade de Buenos Aires, queremos viver assim. Agradeço e me sinto honrado por sua presença nesta casa. Esta é a casa de todos", assinalou o Cardeal, dirigindo-se a outros representantes religiosos.
Também o rubricaram o presbítero Marco, o rabino Daniel Goldman, da comunidade Bet-El; e Omar Abboud, do Centro Islâmico, em seu caráter de redatores do documento conjunto.
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O documento assinala que "como uma amostra mais de nossa vocação religiosa comprometida com os mais altos valores do espírito humano relacionados com a paz", os assinantes ratificam "nossa vontade de rechaçar qualquer forma de terrorismo e fundamentalismo".
O terrorismo "é imperdoável desde todas as doutrinas monoteístas que brigam –em seus conceitos e práticas essenciais– por criar um mundo de harmonia"; diz o documento. "A visão religiosa da vida tende a libertar o homem enquanto que o terrorismo a escravizaao medo", adiciona.
Os assinantes se comprometem, mediante o documento, a seguir trabalhando, entre outras coisas, na:
- A educação centrada nos aspectos humanos que fomentem o compromisso diário pela paz e a convivência.
- A aprofundamento do diálogo inter-religioso como elemento de convocatória ao trabalho em valores.
- Repudiar e condenar desde nossas crenças qualquer manifestação de violência que traga consigo a perda irreparável da vida.
- Criar uma comissão destinada ao estudo e prevenção das causas que geram o terrorismo e o fundamentalismo.