Exorcista: A tentação, não a possessão, é a atividade demoníaca mais significativa

DENVER, 13 de mai de 2019 às 19:00

Embora as representações de possessões demoníacas ao estilo de Hollywood possam parecer ser a forma pela qual o demônio se manifesta com mais frequência, um exorcista dominicano alertou que a maior ameaça e a mais comum para a salvação de uma pessoa é a tentação de pecar.

"A manifestação mais comum do demoníaco é a tentação, que é muito mais significativa do que a possessão", disse Pe. François Dermine no dia 10 de maio à CNA – agência em inglês do Grupo ACI.

O sacerdote, exorcista há mais de 25 anos, explicou que a possessão não é uma ameaça espiritual semelhante à tentação, e uma pessoa que foi possuída pelo diabo ainda pode fazer um "progresso espiritual extraordinário" e poderia até mesmo um dia ser santa.

Isso se deve ao fato de que a possessão demoníaca do corpo de uma pessoa ocorre sem o conhecimento ou consentimento da pessoa. A possessão em si mesma não torna a vítima moralmente culpável, explicou.

"Não devemos subestimar o significado da tentação. Não é tão espetacular como a possessão, mas é muito mais perigoso (para a alma)", assegurou Pe. Dermine.

Nesse contexto, disse que "resistir à tentação é simples, mas nem sempre é fácil".

"Deve-se evitar as ocasiões de tentação, é claro, e ter uma vida cristã e espiritual. Deve-se rezar, tentar se comportar adequadamente e amar as pessoas que conhece todos os dias e as pessoas com quem vive", acrescentou.

Outra atividade demoníaca comum

Pe. Dermine disse que a próxima forma mais comum da atividade demoníaca é a opressão. Às vezes, as pessoas podem ter muitos problemas, muitas vezes de saúde, negócios ou natureza familiar, que não podem ser explicados por causas naturais.

Se a causa é considerada uma opressão demoníaca, esses problemas são chamados de "sobrenaturais" e podem requerer a assistência de um exorcista.

"Esta é a ação extraordinária mais comum do diabo, enquanto a tentação é considerada uma ação demoníaca ordinária", disse Pe. Dermine.

No entanto, o exorcista advertiu que as pessoas não deveriam concluir imediatamente que os problemas físicos ou o sofrimento são o resultado da opressão demoníaca, porque as causas naturais geralmente os explicam com mais frequência.

Nesse sentido, disse que só se deve procurar um exorcista depois de ter ido ao médico ou psicólogo e não ter encontrado uma explicação natural.

Pe. Dermine, que é francês canadense, viveu na Itália desde pouco antes de sua ordenação em 1979. É exorcista desde 1994 e é membro da Arquidiocese Ancona-Osimo, Itália.

O sacerdote falou sobre a vida de um exorcista durante o 14º curso sobre exorcismo e orações de libertação, organizado pela Universidade Pontifícia Regina Apostolorum Athenaeum e GRIS (Grupo de Informação e Pesquisa Sócio-Religiosa).

O curso de uma semana, que terminou em 10 de maio, tinha como objetivo oferecer formação geral a sacerdotes e leigos sobre o que é o exorcismo e assuntos relacionados.

Pe. Dermine disse que muitos dos leigos que participaram do curso foram a pedido do seu bispo, para que possam aprender a apoiar e ajudar os sacerdotes que realizam exorcismos.

Atividades demoníacas vs. carismas sobrenaturais

Em sua palestra, o sacerdote também abordou alguns erros comuns que os exorcistas cometem, como confundir as manifestações sobrenaturais (demoníacas) com carismas sobrenaturais que vêm de Deus.

"Temos uma natureza humana e não podemos conhecer as coisas sem aprender através dos nossos sentidos. Deus nos criou para operar de certa maneira. Se a pessoa tem percepções extra-sensoriais e coisas como esta, e não estão destinadas a ajudar ou provocar um resultado espiritual, então, não podem vir de Deus”, advertiu.

As pessoas com essas percepções são frequentemente descritas como "médiuns" na cultura secular.

Estes tipos de sensações ou manifestações sobrenaturais podem ser "causa de muitos problemas" para as pessoas, por isso precisarão da ajuda de um exorcista, disse Pe. Dermine.

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— ACI Digital (@acidigital) November 12, 2016