Um tribunal no Paquistão condenou à morte três muçulmanos por terem queimado vivo um casal cristão que foi acusado de blasfêmia na cidade de Kot Radha Kishan, a 60 quilômetros ao sudeste de Lahore em 2014.

Dois outros muçulmanos foram absolvidos.

Segundo informa Associated Press (AP), a decisão judicial do dia 16 de maio, ocorreu cinco anos depois que Shama Bibi, de 24 anos, e Sajjad Maseeh, de 27 anos, foram espancados até a morte e jogados em um forno de fábrica de tijolos por uma multidão de cerca de 100 muçulmanos da província de Punjab.

Também quebraram as pernas do casal para que não fujam e a mulher foi enrolada em algodão para queimar mais rápido, segundo indicaram as testemunhas. Após o assassinato, apenas os ossos carbonizados e os restos de seus sapatos permaneceram.

O casal tinha dois filhos e duas filhas, o mais velho com sete anos de idade. Na época do assassinato, Shama Bibib estava grávida de quatro meses.

Após o incidente, a polícia prendeu dezenas de pessoas e cinco delas foram condenadas à morte em 2016.

Em 2014, o Pe. James Channan, Diretor Executivo do Centro de Paz em Lahore, disse à agência vaticana Fides que o assassinato do casal é um "ato que ofende a justiça, os direitos humanos, a dignidade humana e a civilização, e é contrário ao Estado de Direito", e por essa razão pediu a intervenção das Nações Unidas.

Do mesmo modo, assegurou estar convencido de que o casal não havia cometido blasfêmia.

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"E mesmo que fosse demonstrada a veracidade da acusação, há procedimentos que devem ser seguidos. Não podemos permitir que uma multidão linche ou realize uma execução em massa acreditando estar acima da lei. Esta é uma reivindicação forte para o governo", disse o sacerdote na época.

AP explicou que "sob as duras leis de blasfêmia do Paquistão, qualquer pessoa acusada de insultar a Deus, o Islã ou outras figuras religiosas pode ser condenada à morte".

"No entanto, os grupos nacionais e internacionais de direitos humanos dizem que essas leis são usadas incorretamente para ajustar questões pessoais", acrescentou.

Em fevereiro de 2019, a Ajuda à Igreja que Sofre Itália (ACN-Itália) e a Comissão Nacional de Justiça e Paz da Conferência Episcopal do Paquistão informaram que há atualmente mais de 220 cristãos no Paquistão acusados ​​de crimes de blasfêmia contra o profeta Maomé.

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