Roma, 23 de mai de 2019 às 15:58
O Arcebispo de Luxemburgo e Presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia, Dom Jean-Claude Hollerich, defendeu uma União Europeia que promova e proteja os direitos humanos em todo o mundo.
Ele explicou que "muitas vezes falamos apenas de resultados econômicos. Mas eu acho que uma Europa verdadeiramente unida é necessária, por exemplo, para a promoção e proteção dos direitos humanos em todo o mundo”.
Em declarações ao Avvenire por ocasião das próximas eleições para o Parlamento Europeu, que será realizada de 23 a 26 de maio, Dom Hollerich fez um chamado aos cidadãos europeus para que sejam responsáveis quando forem votar.
"Votar significa assumir a responsabilidade de confirmar qual é o papel da Europa, tanto para os países membros da União Europeia como para o mundo. Votar significa carregar o bem comum no coração. Portanto, nosso chamado aos cidadãos é: compareçam para votar".
Na entrevista, o Arcebispo de Luxemburgo alertou sobre esses grupos e partidos políticos que buscam dividir os cidadãos europeus e pressioná-los com estratégias de medo para alcançar objetivos políticos: "Algumas pessoas querem uma Europa dividida, fragmentada e em conflitos. Por outro lado, precisamos de uma Europa forte no cenário internacional".
Reforçou que "a Europa deve, mais uma vez, ser verdadeiramente capaz de promover a paz e a justiça social e econômica. Devemos entender que os resultados eleitorais terão efeitos nas decisões que afetam toda a humanidade, não apenas o nosso continente".
Advertiu que os populismos que estão se desenvolvendo em algumas partes do mundo, e também na Europa, "evocam uma falsa realidade pseudo-religiosa e pseudomística. Uma realidade que quer negar a essência da teologia ocidental: o amor de Deus e o amor ao próximo".
"Sem liberdade", continuou, "não pode existir o amor e a liberdade, e é a condição indispensável de toda interação humana, e o é também na atitude e na responsabilidade política. É necessário afirmar: sem liberdade, nossa fé não existe".
Pelo contrário, "os populismos não criam comunidades livres, mas grupos que repetem os mesmos slogans, que geram novas uniformidades, que são a antecâmara dos totalitarismos".
"Enquanto olhamos para os nossos problemas diários, que é verdade que não devemos esconder, esquecemos que o bem supremo da paz é uma herança frágil. Uma Europa frágil e dividida internamente poderia reavivar tensões e conflitos em um curto espaço de tempo. E nós temos uma responsabilidade histórica de evitar este grave perigo".
Do mesmo modo, colocou como exemplo a reação errática da União Europeia na crise que a Líbia está sofrendo. "O caso da Líbia é a demonstração de como a União Europeia não tem uma voz única e procede de maneiras diferentes".
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Em outras palavras, "sem uma visão compartilhada, é impossível imaginar e construir perspectivas de paz. Disso se deduz que, ao não ter uma posição comum, a União Europeia não pode fazer nada. É também uma demonstração de como as velhas elites são incapazes de resolver problemas complexos. Os eleitores têm o dever de pedir que sejam escutados sem serem enfeitiçados por quem quer destruir em vez de construir".
Por isso, pediu aos cristãos que sejam coerentes com sua fé, porque "um cristianismo autorreferencial arrisca-se a entrar no jogo daqueles que querem negar e manipular a interpretação da realidade, gerando dinâmicas que acabarão devorando o próprio cristianismo".
"O drama dos refugiados e migrantes no Mediterrâneo é uma vergonha para a Europa. Mas hoje a sensação de bem-estar parece ter desaparecido e parece ter dado lugar a vários medos”, continuou e afirmou que a Europa parece ter uma identidade cristã, “mas com aspirações políticas que são reveladas em claro contraste com uma perspectiva baseada no Evangelho".
Criticou que "os populistas recolhem e amplificam esse mal-estar, mas estão privados de uma visão, não dizem que projeto político estão buscando, que futuro querem construir. Vendem ilusões e brincam com os medos. Hoje, na Europa, a migração parece perturbar a ordem interna dos países. Mas os imigrantes, que na época do milagre econômico eram bem aceitos porque sua presença e seu trabalho garantiam bem-estar, agora se tornaram estrangeiros".
"E se também são culturalmente diferentes, também na religião, são apresentados como uma ameaça. Assim, desorientados e assustados, deixamos as emoções negativas explodirem: o outro não é considerado como uma oportunidade de encontro, mas como uma ameaça à nossa identidade".
Finalmente, reconheceu que "certamente, em muitas cidades europeias, existem bairros onde a população nativa não se sente mais em casa. Mas esse problema, é culpa dos migrantes ou, pelo contrário, é causado pela ausência de projetos reais de integração? ".
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