"Um mundo sem mulheres não funciona" e elas sempre apostam em “salvar a vida", afirmou o Papa Francisco durante entrevista à emissora mexicana Televisa, na qual ressaltou a importância das mulheres na família e na sociedade.

"A mulher sempre tende a esconder a fraqueza, a salvar a vida. Sempre aposta nisso", disse o Papa Francisco à jornalista Valentina Alazraki. Da mesma forma, comentou que uma imagem ficou muito marcada nele para descrever a mulher que aposta pela vida.

"A fila de mães ou de mulheres que vejo sempre, quando chego a um cárcere, esperando para entrar e visitar os filhos, ou o marido encarcerado. E todas as humilhações que devem suportar para conseguir fazer isso. Ficam nas ruas. Passam os ônibus, as pessoas ficam olhando para elas. Mas elas não se importam com isso. Pensam, o meu amor está ali dentro", disse na entrevista publicada, em 28 de maio, pela edição em espanhol de Vatican News.

O Papa considerou que a ternura é "patrimônio da mulher", mas está prestes a desaparecer do dicionário, "porque causa medo em todos".

Também explicou que o mundo não pode funcionar sem as mulheres, "não porque é a mulher que tem os filhos", mas porque a família sem ela não funciona.

Durante a entrevista, a jornalista Valentina Alazraki lhe deu uma correntinha pertencente a uma mulher chamada "Rocío", uma mãe que foi assassinada diante de seu filho.

"Rocío… Aqui há uma vida de sofrimento, uma história que termina com violência, injustiça e dor", lamentou o Santo Padre, acrescentando que quando a mulher faz conquistas importantes, o imaginário coletivo reage com surpresa dizendo "olha, é mulher e conseguiu! Conseguiu ganhar o prêmio Nobel! Inacreditável".

Da mesma forma, o Papa Francisco disse: "Sim, me atrevo a dizer que a mulher ainda está em segundo lugar. E do segundo lugar passar a objeto de escravidão não precisa muito. É suficiente caminhar pela Estação ferroviária Termini, pelas ruas de Roma para ver. E são mulheres na Europa, na culta Roma. São mulheres escravas".

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Sobre o feminicídio, o Papa afirmou que da escravidão ao feminicídio "há um passo". "Qual é o motivo do ódio, não saberia explicar. Talvez algum antropólogo poderá explicar melhor. E como se cria este ódio, matar mulheres é uma aventura? Não sei explicar", expressou.

Recordou que durante o Ano da Misericórdia visitou "um centro de recuperação para jovens (...). Tinha uma jovem com a orelha arrancada, porque não tinha levado dinheiro suficiente ao seu patrão. Essas pessoas controlam os clientes de modo especial, então se a moça não faz o seu dever é espancada ou é punida como aconteceu com aquela jovem. Mulheres escravas”, expressou.

O Papa pediu orações pelas mulheres que sofrem violência no mundo. "Eu gostaria de pedir aos que estão nos assistindo (a entrevista na televisão) que em algum momento façam um pouquinho de silêncio em seu coração e pensem em Rocío, coloquem um rosto em Rocío, pensem em tantas mulheres como ela".

"Se rezam, rezem, se desejam, desejem, e tomara que o Senhor lhes dê a graça de chorar. Chorar por toda essa injustiça, especialmente por este mundo selvagem e cruel, onde a cultura parece ser apenas uma questão de enciclopédia. Gostaria de terminar com essa lembrança e a palavra: Rocío", concluiu.

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