Diante das crescentes estatísticas sobre a perseguição aos cristãos no mundo, o especialista em arqueologia sacra e perito em relíquias da Arquidiocese de São Paulo, Fábio Tucci Farah, lançou um questionamento: “O que estão fazendo com Cristo nos dias de hoje?”; e exortou os católicos a serem próximos e rezarem pelos “irmãos perseguidos” por causa da fé.

Estas declarações foram feitas no último dia 23 de maio, durante a apresentação das relíquias de São Tiago na Paróquia Assunção de Nossa Senhora, em São Paulo, em comemoração ao 1175º aniversário da aparição do Apóstolo na Batalha de Clavijo (Espanha).

Na ocasião, Farah assinalou que, em “844 depois de Cristo”, “nossos irmãos eram hostilizados na própria terra, uma terra evangelizada por São Tiago, a atual Espanha”.

O especialista em arqueologia sacra explicou que, naquela época, “o Emir de Córdoba, Abd ar-Rahman II, já havia emitido um decreto proibindo cristãos de se entregarem ao martírio. E teria pretendido resgatar o infame Tributo das Cem Donzelas: anualmente, cem mulheres – metade de origem nobre e metade plebeia – deveriam ser enviadas à sede do reino sarraceno”.

Mas, “em vez de honrar tão sórdido imposto, o rei Ramiro I partiria para a guerra”. Contudo, “com as tropas acuadas pelo exército inimigo, o Collado de Clavijo seria um providencial refúgio” e “naquele lugar, segundo a tradição, Ramiro receberia – em sonho – a visita de São Tiago Maior”.

“No confronto do dia seguinte, o apóstolo cumpriria a promessa ao monarca. Os cristãos sairiam vitoriosos com a inestimável ajuda de um guerreiro celestial. Montado em um cavalo branco, ele trazia um estandarte e brandia uma espada reluzente”. Assim, “a Batalha de Clavijo, como ficou conhecida, se tornaria um importante marco na Reconquista e o guerreiro celestial, ninguém menos que São Tiago, seria aclamado padroeiro da Espanha”.

A imagem de São Tiago no contexto da perseguição aos cristãos foi recordada por Tucci Farah, segundo ele, ao se deparar com as cenas dos atentados terroristas ocorridos no Sri Lanka no Domingo de Páscoa, que deixaram mais de 250 mortos e 500 feridos.

Fábio recordou que, entre as várias cenas dos ataques, uma chamou sua atenção. “Em uma das igrejas destruídas, havia uma imagem de São Tiago salpicada de sangue. Uma imagem que parecia ter testemunhado, impotente, a crueldade humana”.

Entretanto, assinalou, “somos cristãos” e “jamais nos contentaremos com a aparente vitória da maldade” e “da morte”. “Sabemos que nossos irmãos martirizados já participam do banquete na Casa do Pai. Basta olharmos para a Cruz de Cristo e seremos irremediavelmente atraídos para o sepulcro vazio. E do sepulcro vazio, nossos olhos sempre se voltam para o Alto”, acrescentou.

O perito em relíquias, porém, não se deteve apenas nos atentados do Sri Lanka e lamentou que, “atualmente, em muitos países do Ocidente, como o nosso, não imaginamos que esteja em curso a maior perseguição da história do cristianismo, embora ataques covardes resvalem em nossas portas”.

Ao citar dados da organização Portas Abertas, indicou que na atualidade 245 milhões de cristãos são perseguidos por causa da fé. Além disso, conforme informou há seis anos o observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, “cerca de 100 mil cristãos seriam mortos anualmente por razões religiosas”. E, “segundo uma estatística alarmante, do início ao fim desta solenidade, aproximadamente 25 cristãos poderão ter sido assassinados ao redor do mundo”.

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“Há uma palavra para designar esse ódio diabólico contra a nossa Fé: cristianofobia. Uma palavra que, infelizmente, é pouco utilizada”, declarou.

Diante disso, Fábio Tucci Farah contou que, com o ocorrido na última Páscoa, confrontou-se “com uma velha pergunta: ‘O que fariam com Cristo se ele viesse nos dias de hoje?’. Minha resposta é bastante simples: O que estão fazendo com Cristo nos dias de hoje?”.

“Cristo continua sendo crucificado em nossos irmãos na Síria. Cristo continua sendo massacrado em nossos irmãos na Nigéria. Cristo também é degolado em nossos irmãos na Líbia, torturado em nossos irmãos na China e na Coreia do Norte. Cristo é metralhado, apedrejado, mutilado, jogado aos cães”, advertiu.

Nesse sentido, sublinhou que “cada um de nossos irmãos que agoniza até a morte é o nosso próximo na Parábola do Bom Samaritano. Afinal, somos membros do mesmo Corpo. E é bem melhor que os enxerguemos agora do que no Juízo Final ao ouvirmos aquela terrível sentença: ‘Todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’”.

Por isso, exortou os fiéis a “se sentissem mais próximos aos 245 milhões de irmãos perseguidos por causa da mesma fé que professamos aqui, em segurança”.

“Se com ardor nossos antepassados lutaram pelos peregrinos que visitavam a Terra Santa, com qual ardor não deveríamos lutar hoje para proteger nossos irmãos indefesos? Se os lugares santos eram protegidos com a própria vida, como não deveríamos impedir que esses preciosos templos do Espírito Santo sejam profanados e destruídos?”, completou.

Por fim, assegurou que “São Tiago nos recorda que nossos irmãos precisam de nós” e “nos conclama a fazer algo por eles. Ele nos conclama a sacar os dons que Nosso Senhor nos concedeu – sejam quais forem – e a combatermos com bravura”.

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