O norte de Moçambique tem sido palco de ataques desde outubro de 2017, mas, pela primeira vez, o autoproclamado Estado Islâmico (SIS) assumiu a sua presença na região reivindicando uma ação armada contra uma coluna do exército na região de Mocímboa.

Segundo informa a Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), a ação reivindicada pelos jihadistas aconteceu em 3 de junho. Os terroristas afirmam ter conseguido repelir um ataque dos “cruzados” do exército na localidade de Metubi, no norte de Moçambique, tendo “matado e ferido” vários elementos.

Em comunicado, o ISIS declara que “os mujahideen capturaram armas, munições e rockets”. Além disso, no mesmo dia, os jihadistas reivindicaram a responsabilidade por outro ataque noturno na República Democrática do Congo. 

Em um vídeo divulgado no início de maio deste ano, o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, afirmou que o grupo terrorista estava recebendo novos juramentos de lealdade em alguns países de África, como Mali e Burkina Faso, aludindo à intenção da criação de um califado neste continente fazendo referência à “província da África Central”.

Até o momento, assinala ACN, estima-se que cerca de duas centenas de pessoas tenham sido assassinadas e milhares foram forçados a fugir de suas casas por causa de ataques que muitos observadores consideram estar relacionados, provavelmente, com grupos extremistas islâmicos.

Fundamentalismo islâmico em Moçambique

A existência de um novo “problema” no norte de Moçambique relacionado ao “fundamentalismo islâmico” já havia sido alertada pelo novo Bispo de Tete, Dom Diamantino Antunes, no último mês de março, durante um encontro promovido em Leiria (Portugal) pela Fundação ACN, quando foi apresentado o Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo.

Segundo este relatório, “apesar de os muçulmanos moçambicanos serem considerados moderados, pregadores radicais estão a ganhar seguidores há vários anos”.

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“Dado o compromisso da Igreja Católica com os direitos humanos, o seu recente papel construtivo no processo de paz do país e a sua posição forte na sociedade auguram bem para a proteção da liberdade religiosa. Contudo, o crescimento do Islamismo, importado por pregadores que estudaram no estrangeiro, sugere que a intolerância religiosa pode tornar-se um problema crescente em Moçambique, à semelhança do que já acontece m outras partes da África Oriental”, afirma o relatório em relação às perspectivas para a liberdade religiosa no país.

No encontro em Leiria, Dom Diamantino explicou que os problemas com os extremistas islâmicos começaram a se fazer sentir há cerca de 15 anos, quando “chegaram pregadores islâmicos” oriundos de países como o “Paquistão, Egito, e da vizinha Tanzânia”, e que traziam um “islã radicalizado”.

De acordo com o Bispo, estes pregadores querem “impor a lei islâmica, a sharia”, e esta é uma questão sensível que não deve ser escamoteada.

“Há uma tenaz do radicalismo islâmico que está apertando o continente africano”, diz o Prelado, acrescentando que essa tenaz já se faz sentir em países como o Mali, Nigéria, Burkina Faso, Costa do Marfim, ou, por exemplo, a República Centro-Africana.

Para Dom Diamantino Antunes, esta corrente de radicalismo islâmico “possivelmente já está infiltrada em Moçambique”.

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