O Cardeal alemão Walter Brandmüller publicou no dia 27 de junho “uma crítica ao Instrumentum Laboris para o Sínodo da Amazônia”, na qual afirma que tal documento é “herético” e uma “apostasia” e, portanto, “deve ser rejeitado com máxima firmeza”.

“Deve ser dito enfaticamente que o Instrumentum laboris contradiz o ensinamento vinculante da Igreja em pontos decisivos e, portanto, deve ser qualificado como um documento herético. Visto que o fato da revelação divina é aqui questionado, ou mal entendido, deve-se também falar em apostasia”, declarou o Purpurado na crítica publicada pelo site de notícias austríaco Kath.net.

O Cardeal chama a atenção para o fato de que, ao contrário das assembleias anteriores, o próximo sínodo aborde exclusivamente uma região cuja população “é apenas metade da Cidade do México”. Isso, segundo ele, “motivo de suspeição em relação às verdadeiras intenções” por trás deste encontro.

Segundo o Purpurado, três quartos do Instrumnetum Laboris têm afirmações que apenas marginalmente se relação com “o Evangelho e a Igreja”, por isso, questiona por que o sínodo deveria abordar tais temas, como “ecologia”, “economia”, “política”.

Além disso, o Cardeal Brandmüller aborda sobre o tema das religiões naturais e da enculturação. Em todo o documento, diz, é encontrada uma “avaliação muito positivista das religiões naturais, o que inclui as práticas de cura indígenas e afins, até mesmo as práticas mítico-religiosas e suas formas de culto”.

Desse modo, indica que o próprio “conceito de enculturação é pervertido no documento”, ao propor o oposto do que foi apresentado em 1988 pela Comissão Teológica Internacional e o que “já havia sido ensinado no Decreto Ad Gentes do Concílio Vaticano II sobre a atividade missionária da Igreja”.

Outro tópico abordado pelo Purpurado em sua crítica é o da abolição do sacerdócio e da introdução de um sacerdócio feminino.

“É impossível esconder o fato de que esse “sínodo” é particularmente adequado para implementar dois dos projetos mais ambicionados e que nunca foram implementados até agora: a abolição do celibato e a introdução de um sacerdócio feminino, a começar por mulheres diaconisas”, afirmou.

Em todo caso, assinalou ao citar trechos do Instrumentum Laboris, “trata-se de ‘levar em conta o papel central que as mulheres desempenham hoje na Igreja da Amazônia’ (§ 129 a3). E da mesma forma, é uma questão de ‘abrir novos espaços para se recriar os ministérios adequados a este momento histórico. Chegou a hora de ouvir a voz da Amazônia…’ (§ 43)”.

Entretanto, ressaltou, omite-se que, de modo conclusivo, o Papa João Paulo II já havia declarado, “com máxima autoridade magisterial, que não está nas mãos da Igreja o poder de administrar o sacramento da Ordem para mulheres”.

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Assim, assinalou que esta demanda pelo sacerdócio feminino mostra que a palavra ‘Igreja’ está sendo usada pelos autores do documento como “exclusivamente como termo sociológico” e “implicitamente negando o caráter sacramental-hierárquico da Igreja”.

Para o Purpurado, no parágrafo 127 do documento apresenta-se um “ataque direto à constituição hierárquico-sacramental da Igreja, quando acredita que seria oportuno ‘voltar a considerar a ideia de que o exercício da jurisdição (poder de governo) deve estar vinculado em todos os âmbitos (sacramental, judicial e administrativo) e de maneira permanente ao sacramento da ordem’”.

“É a partir dessa visão tão errada que surge (no § 129), o pedido para se criar novos ofícios que correspondam às necessidades dos povos amazônicos”, disse.

Entretanto, indicou que a liturgia é o “campo onde a ideologia de uma inculturação falsamente entendida encontra sua expressão de maneira particularmente espetacular”, pois, segundo indicou, “o Instrumentum Laboris não se retrai em pedir que ‘o povo pobre e simples’ possa expressar ‘sua (!) fé, mediante imagens, símbolos, tradições, ritos e outros sacramentais (!!)’ (§ 126)”. Isso, pontuou, “mostra uma compreensão puramente horizontal da liturgia”.

Por fim, o Cardeal Brandmüller declarou que, no Instrumentum Laboris, “testemunhamos uma nova forma do modernismo clássico do início do século XX”, ligado a uma falsa compreensão do desenvolvimento do dogma, que “está fortemente em oposição ao pensamento católico genuíno”.

“O Instrumentum laboris para o sínodo da Amazônia constitui um ataque aos fundamentos da fé, de uma forma que até hoje não foi considerado possível. E, portanto, deve ser rejeitado com a máxima firmeza”, conclui.

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