Vaticano, 2 de jul de 2019 às 17:00
O diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, informou que em 11 de julho dois túmulos do Cemitério Teutônico serão abertos como parte das investigações do caso de Emanuela Orlandi, a filha de um funcionário do Vaticano que desapareceu em 1983.
Em um comunicado, Gisotti disse que a abertura dos dois túmulos foi determinada por meio de um decreto com data 27 de junho emitido pelo Departamento de Promotoria de Justiça do Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano.
"A decisão insere-se no âmbito de um dos arquivos abertos após uma denúncia da família de Emanuela Orlandi, que, como é sabido, nos últimos meses tinha assinalado, entre outras coisas, a possibilidade de ocultamento do cadáver no pequeno cemitério localizado dentro do território do Estado do Vaticano”, explicou no dia 2 de julho.
O porta-voz vaticano explicou que as operações serão realizadas em 11 de julho na presença dos advogados das partes, “assim como dos familiares de Emanuela Orlandi e parentes das pessoas sepultadas nos túmulos a serem abertos", com a assistência técnica do Professor Giovanni Arcudi; do Comandante da Gendarmaria do Vaticano, Domenico Giani, e do pessoal da Gendarmaria.
Emanuela Orlandi foi uma adolescente que desapareceu em 22 de junho de 1983, quando tinha apenas 15 anos, ao sair da escola de música de Santo Apolinário, em Roma. Desde então, seu paradeiro é desconhecido.
Os rumores envolvem membros da máfia, membros do clero e a "Frente de Libertação Turca", que exigia a liberdade de Ali Agca, o turco que tentou assassinar São João Paulo II em 1981.
A família está tentando encontrar pistas há anos e em 2012 pediram uma investigação quando restos ósseos não identificados foram encontrados ao lado do túmulo do líder da máfia romana Enrico De Pedis, na Basílica de Santo Apolinário. No entanto, os ossos não pertencem à jovem.
Em 2018, encontraram ossos no porão da Nunciatura de Roma, mas as investigações determinaram que os restos eram anteriores a 1964.
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Em março passado, a advogada da família Orlandi, Laura Sgrò, explicou que há alguns meses receberam uma carta anônima com a foto do túmulo e com a frase “procure onde o anjo indica”.
O túmulo está no cemitério Teutônico, dentro do Vaticano, e segundo Sgrò teria sido aberto pelo menos uma vez. Além disso, afirmou que a datação da estátua é diferente à da placa e por isso pediram a sua abertura para a Santa Sé.
Gisotti disse que a decisão do Vaticano de abrir os dois túmulos no Cemitério Teutônico "chega depois de uma fase de investigação durante a qual o Departamento do Promotor, com a ajuda do Corpo de Gendarmaria, realizou investigações para reconstruir as principais etapas judiciárias deste longo, doloroso e complexo caso”.
"Deve ser recordado que por razões de caráter jurídico a autoridade vaticana responsável pelo inquérito não possui jurisdição para fazer investigações sobre o desaparecimento de Emanuela Orlandi acontecido em território italiano. Tal investigação desde o início foi realizada pelas autoridades italianas com escrúpulo e rigor profissional. Portanto, a iniciativa vaticana refere-se apenas à constatação da eventual sepultura do corpo de Emanuela Orlandi no território do Estado do Vaticano”, indicou.
O porta-voz disse que, "de qualquer modo, as complexas operações de perícia fixadas para 11 de julho serão apenas a primeira fase de uma série de acertamentos já programados que, depois da abertura dos túmulos e catalogação dos restos mortais, levarão às perícias para estabelecer a datação dos restos e o confronto do DNA".
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— ACI Digital (@acidigital) November 9, 2018