Juba, 9 de jul de 2019 às 06:00
A Cáritas Espanhola alertou que até sete milhões de pessoas são ameaçadas pela fome no Sudão do Sul, um país africano castigado pela guerra desde 2013.
A crise política, explica Cáritas Espanhola, surgiu em 2013, quando começou o enfrentamento entre o partido governante e o da oposição para disputar o poder no Sudão do Sul. A violência provocou uma crise humanitária e de insegurança alimentar.
Ambos os lados assinaram o cessar-fogo várias vezes, o último em junho de 2018, mas os enfrentamentos aumentaram no norte e sudeste do país.
A FAO adverte que o conflito e o deslocamento da população afetaram a produção de alimentos e limitaram a produção agrícola, agravada por períodos prolongados de seca, doenças nas plantações e pragas.
Os sete milhões de pessoas que sofrem de fome são 61% da população, o maior percentual registrado até agora no país.
"A situação política no país é tensa e imprevisível. O partido de oposição pediu para adiar em pelo menos seis meses a formação do governo de unidade nacional acordado em 2018, enquanto o presidente Salva Kiir pede que seja adiado por um ano, segundo explica, devido à dificuldade de desarmar e integrar os rebeldes nas Forças Armadas”, explica o diretor da Cáritas do Sudão do Sul, Gabriel Yai Avop.
"Ao mesmo tempo, os rumores que surgiram sobre planos para derrubar o atual regime através de manifestações pacíficas, levaram o governo a colocar o exército nas ruas da capital, Juba", acrescenta.
A violência e a fome causaram a maior crise de refugiados desde o genocídio de Ruanda de 1994. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, sigla em inglês), são 2,2 milhões de refugiados que foram obrigados a deixar o Sudão do Sul, enquanto os deslocados internos já são dois milhões.
A maioria dos refugiados fugiu para países vizinhos, como Quênia, Uganda, Etiópia e a República do Sudão. Além disso, o Sudão do Sul acolhe em seu território um grande número de refugiados da República Democrática do Congo e do Sudão.
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Para tentar resolver esta crise, a Cáritas Sudão do Sul pediu a Cáritas Internationalis para fazer um Apelo para Crise Prolongada (PCA) para o período de 2019-2021, que neste primeiro ano tem um orçamento total de 2.179.892 euros.
A Cáritas Espanhola contribuiu com 100 mil euros para a Campanha do Chifre da África.
Gabriel Yai Avop explicou que a ajuda recebida permitirá cobrir assistência alimentar emergencial, materiais de abrigo e de necessidades básicas, sementes e ferramentas agrícolas e atividades de construção da paz.
Quando a guerra começou em 2013, a Cáritas Sudão do Sul, em colaboração com a rede internacional, lançou o primeiro de vários apelos de emergência que foram repetidos todos os anos, sem exceção.
Durante este período, a Cáritas Espanhola apoiou todos estes programas de ajuda humanitária para os sudaneses.
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— ACI Digital (@acidigital) June 9, 2019