VATICANO, 15 de ago de 2005 às 12:41
Na primeira entrevista concedida desde sua nomeação como Pontífice, o Papa Bento XVI fala da alegria de ser cristão no meio do mundo e da importância de renovar a fé na Europa através de uma experiência como a Jornada Mundial da Juventude em Colônia (Alemanha).
A entrevista, realizada em alemão com ocasião da iminente Jornada Mundial da Juventude, foi transmitida parcialmente em italiano a noite do domingo, e é transmitida na íntegra em alemão por Rádio Vaticano a partir das 14h, hora de Roma.
Na entrevista, o Pontífice assinala sua esperança de que a JMJ possa “dar um impulso novo a um continente velho (Europa)”; e assinala que o evento “será substancialmente um encontro entre jovens católicos do mundo todo e também com aqueles jovens que não são católicos mas que querem saber se entre nós podem encontrar uma resposta a suas perguntas”.
“O diálogo ecumênico como tal não é o tema do dia (na JMJ)”, explica o Santo Padre; mas assinala que uma dimensão do ecumenismo estará presente “mas bem nos encontros entre os jovens: os jovens não falam só com o Papa, mas sim entre si”. O Pontífice, entretanto, assinala que aguarda com esperança o encontro com os líderes evangélicos na Alemanha. “Terei um encontro com nossos irmãos evangélicos: Não teremos muito tempo porque o programa é muito apertado; mas será suficiente para refletir sobre como queremos seguir adiante”, explica.
Os jovens e Europa
Dirigindo-se aos jovens alemães com ocasião da JMJ, Bento XVI assinala que a Igreja “não é uma sopa reaquecida”. “Queria mostrar aos jovens como é belo ser cristão, porque uma difundida idéia que ainda existe é que o cristianismo está composto por leis e proibições que alguém tem que manter e, portanto, é um pouco chato e cansativo”, explica o Papa; e explica que esta visão leva a muitos a acreditar que a vida é “mais livre” sem a Igreja.
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“Quero deixar em claro que não é uma carga, mas uma coisa que deve ser levada com grande amor e realização, é como ter asas”, adiciona o Papa Bento. “É maravilhoso ser cristão com esta consciência de que nos dá um grande alento, uma grande comunidade”.
O Pontífice adverte também que a Europa está em crise porque está renegando de seus valores fundamentados no cristianismo. “Esta civilização, com seus perigos e sua esperança, pode ser ‘dominada’ e conduzida a toda sua grandeza só se aprende a reconhecer as fontes de sua força”, que segundo o Papa, encontram-se na sua origem cristã.
Durante a entrevista de 15 minutos de duração, Rádio Vaticano pergunta ao Papa qual seria o “objetivo ideal” de sua viagem a Colônia. O Pontífice deixou escapar uma risada e respondeu: “Bom, o ideal é uma onda de nova fé na juventude, especialmente nos jovens da Alemanha e da Europa”.
Segundo recentes estatísticas, apenas entre o 4 e 6 por cento dos jovens nominalmente cristãos –católicos e evangélicos– na Alemanha assistem regularmente a serviços religiosos.
“Na Alemanha acontecem muitos eventos cristãos, mas existe também um grande cansaço, e então estamos tão preocupados com assuntos estruturais, que o júbilo e a alegria da fé se perdem”, conclui.