Basileia, 15 de jul de 2019 às 15:00
Um manuscrito conservado em uma universidade suíça por mais de cem anos foi identificado como a carta privada, escrita por um cristão, mais antiga do mundo e que permite recopilar informações valiosas sobre como viviam os primeiros seguidores de Jesus no Egito durante o reinado do Império Romano.
Trata-se de um papiro datado do ano 230 e, embora breve, fornece dados valiosos, afirmou a Universidade de Basileia (Suíça), proprietária do manuscrito que faz parte de uma coleção.
O papiro foi nomeado "P.Bas. 2.43" e consiste na carta que um homem chamado Arriano escreve ao seu irmão Paulus.
2000 years ago: A letter in the #papyrus collection of #UniBasel describes day-to-day family matters and provides insights into the world of the first Christians. The letter is older than all previously known Christian documents from Roman Egypt. @snf_ch https://t.co/Yj2TrFHn2c pic.twitter.com/VSBPbFhp2N
— University of Basel (@UniBasel_en) July 11, 2019
Segundo informou a universidade em 11 de julho, este documento se destaca de um grupo de cartas conservadas do Egito greco-romano pela fórmula que o autor usa como despedida, pois escreve: "Rezo para que tudo esteja bem contigo, no Senhor".
"O uso desta abreviatura, conhecida neste contexto como nomen sacrum, não deixa lugar para dúvidas sobre as crenças cristãs do remetente", afirma Sabine Huebner, professora de História Antiga na Universidade de Basileia.
A especialista observou que "é uma forma exclusivamente cristã com a qual estamos familiarizados desde os manuscritos do Novo Testamento".
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Além disso, afirmou que o nome do irmão também é revelador, porque "Paulus era um nome extremamente raro para aquela época e podemos deduzir que os pais mencionados na carta eram cristãos e chamaram o seu filho com o nome do apóstolo" no início do ano 200 d.C.
De acordo com a universidade, o conteúdo também permite saber que "os cristãos no início do século III viviam fora das cidades no interior do Egito, onde ocupavam cargos de liderança política”.
O manuscrito "fornece informações valiosas sobre o mundo dos primeiros cristãos no Império Romano, que não está registrada em nenhuma outra fonte histórica", assinalou.
Segundo o centro de estudos, uma longa pesquisa permitiu a Huebner rastrear o papiro até 230 d.C. Isso faz com que a carta seja 40 ou 50 anos mais antiga do que outras cartas cristãs conhecidas em todo o mundo. "Arriano e seu irmão Paulus eram jovens, educados pela elite local, latifundiários e funcionários públicos", relatou a Universidade de Basileia.
Além disso, descobriu-se que o papiro vem do povoado de Theadelphia, no centro Egito, e pertence ao famoso arquivo Heroninus, o maior arquivo de papiros da época romana.
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