Vaticano, 16 de jul de 2019 às 13:00
O Cardeal Gerhard Müller, que foi Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé entre 2012 e 2017, apresentou uma análise com uma série de objeções e críticas ao Instrumentum Laboris, o Documento de Trabalho, do Sínodo da Amazônia, que acontecerá em Roma no próximo mês de outubro.
A seguir, o texto completo da análise do Cardeal Müller:
«De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que já está colocado: Jesus Cristo» (1 Cor 3, 11)
Sobre o conceito de Revelação presente no Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia
Cardeal Gerhard Müller
1. Sobre o método do Instrumentum Laboris (IL)
Ninguém põe em questão a boa vontade daqueles que estão implicados na preparação e implementação do sínodo e sua intenção de fazer todo o possível para animar a fé católica entre os habitantes desta ampla região de fascinante paisagem.
A região amazônica representa para a Igreja e para o mundo «um pars pro toto, um paradigma, uma esperança para o mundo» (IL 37). Esta atribuição por si só, já demonstra a idéia de um desenvolvimento «integral» de todos os homens na única casa que é a Terra, da qual a Igreja se declara ser responsável. Esta idéia a encontramos uma e outra vez no Instrumentum Laboris (IL). O próprio texto está dividido em três partes: 1) A voz da Amazônia; 2) Ecologia integral: o clamor da terra e dos pobres; 3) Igreja profética na Amazônia: desafios e esperanças. Estas três partes estão construídas segundo o esquema também utilizado pela Teologia da Libertação: ver a situação – julgar à luz dos Evangelhos – atuar para estabelecer melhores condições de vida.
2. Ambivalência na definição dos termos e os objetivos
Como sucede frequentemente com textos escritos por um grupo de trabalho, sempre há equipes de pessoas que têm um modo de pensar similar, nos quais cada um trabalha uma parte do texto o que resulta em algumas tediosas redundâncias. Se todas as repetições fossem eliminadas, o texto seria facilmente reduzido pela metade, inclusive menos.
Entretanto, o problema principal não é a excessiva extensão do texto, mas o fato de que o significado dos termos-chave não são explicados e são utilizados de maneira inflada: o que é um caminho sinodal, o que é desenvolvimento integral, o que significa uma Igreja samaritana, sinodal e aberta, ou uma Igreja de abertura, a Igreja dos pobres, a Igreja da Amazônia, etc.? Esta Igreja é diferente do Povo de Deus, ou deve ser considerada meramente como a hierarquia do Papa e os bispos? Sendo uma parte, Ela está a favor ou contra o povo? O Povo de Deus é um termo sociológico ou teológico? Ou não se trata, na verdade, da comunidade dos fiéis que, junto a seus pastores, estão em peregrinação para a vida eterna? São os bispos os que devem ouvir o clamor do povo, ou é Deus, tal como fez com Moisés durante a escravidão de Israel no Egito, quem diz agora aos sucessores dos apóstolos que levem os fiéis para longe do pecado e da maldade do naturalismo e do imanentismo secular para a Palavra de Deus e os Sacramentos da Igreja?
3. Hermenêutica ao contrário
Acaso a Igreja de Cristo foi entregue por seu Fundador, como uma espécie de material bruto, às mãos dos bispos e dos papas para que estes assim, iluminados pelo Espírito Santo, reconstruam-na fazendo dela um instrumento atualizado com metas também seculares?
Nota-se, pois, que a estrutura do texto apresenta um giro radical na hermenêutica da teologia católica. A relação entre Sagrada Escritura e Tradição Apostólica por um lado, e o Magistério da Igreja por outro, foi determinado classicamente de tal modo que a Revelação está plenamente contida na Sagrada Escritura e na Tradição, sendo a tarefa do Magistério -unido ao sentido da fé de todo o povo de Deus- interpretá-la de maneira autêntica e infalível. Assim, a Sagrada Escritura e a Tradição são os princípios constitutivos do conhecimento para a profissão católica de fé e seu reflexo teológico-acadêmico. O Magistério, por sua parte, age meramente de uma maneira interpretativa e reguladora (Dei Verbum 8-10; 24).
No caso do IL, entretanto, isto é exatamente o contrário. Toda a linha de pensamento se torna autorreferencial e circula em torno dos últimos documentos do Magistério do Papa Francisco, com algumas escassas referências ao Papa João Paulo II e Bento XVI. Cita-se pouco a Sagrada Escritura e quase não são citados os Padres da Igreja, e ainda assim, somente de maneira ilustrativa e com o fim de apoiar convicções preexistentes por outras razões. Talvez o desejo era mostrar uma especial lealdade ao Papa, ou talvez acreditaram ser possível evitar os desafios do trabalho teológico quando se fazem constantes referências a palavras-chave conhecidas, e frequentemente repetidas, que os autores chamam, de maneira bastante incompetente de: «o mantra de Francisco» (IL 25). Esta adulação é levada a seu extremo quando os autores acrescentam, depois de afirmar que «os sujeitos ativos da inculturação são os próprios povos indígenas» (IL 122), a estranha formulação: «Como afirmou o papa Francisco ‘a graça supõe a cultura'». A frase é escrita como se tivesse sido ele quem descobriu este axioma, que na verdade é um axioma fundamental da própria Igreja católica. A formulação original diz que a Graça supõe a Natureza, do mesmo modo que a Fé supõe a Razão (cf. Santo Tomás Aquino, S. th. I q.1 a.8).
Além de confundir os papéis do Magistério por um lado, e da Sagrada Escritura pelo outro, o IL chega ao ponto de afirmar que há novas fontes da Revelação. O IL no número 19 afirma: «Na Amazônia, a vida está inserida, ligada e integrada no território que, como espaço físico vital e nutritivo, é possibilidade, sustento e limite da vida. Além disso, podemos dizer que a Amazônia – ou outro espaço territorial indígena ou comunitário – não é somente um ubi (um espaço geográfico), mas também um quid, ou seja, um lugar de sentido para a fé ou a experiência de Deus na história. O território é um lugar teológico a partir do qual se vive a fé, mas é também uma peculiar fonte de revelação de Deus. Estes espaços são lugares epifânicos onde se manifesta a reserva de vida e de sabedoria para o planeta, uma vida e sabedoria que falam de Deus» (4). Porém, na verdade, a Sagrada Escritura e a Tradição são as únicas fontes da Revelação, tal como explica a Dei Verbum: «Portanto, esta sagrada Tradição e a Sagrada Escritura dos dois Testamentos são como um espelho no qual a Igreja peregrina na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até ser conduzida a vê-lo face a face tal qual Ele é» (N. 7). «A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja» (Dei Verbum 10).
Além destas desconcertantes afirmações e referências, a organização Rede Eclesial Pan-Amazônica (=REPAM) -encarregada da preparação do IL, razão pela qual foi fundada em 2014-, nota-se como os autores da chamada Theologia India (Teologia índigena), no texto, citam primordialmente a si mesmos.
É uma sociedade fechada de pessoas com o mesmo ponto de vista sobre o mundo, tal como se pode observar facilmente na lista de nomes dos encontros pré-sinodais que tiveram lugar em Washington e Roma e que contém um número desproporcional de europeus de língua alemã.
Estes autores se sentem imunes a objeções sérias pois afirmam que as mesmas estão meramente fundamentadas em um doutrinarismo ou no dogmatismo monolítico, ou em um ritualismo (IL 38; 110; 138), assim como em um clericalismo que é incapaz de dialogar (IL 110), e no rígido modo de pensar dos fariseus e no orgulho da razão dos escribas. Raciocinar com estas pessoas seria uma perda de tempo e um esforço vão.
Entre eles, não todos conhecem a América do Sul e só estão presentes porque acreditam que os temas estão alinhados com a estratégia oficial e podem servir para dominar os temas do atual caminho sinodal que empreenderam a Conferência Episcopal alemã e o Comitê Central dos católicos alemães (entre eles: a abolição do celibato, acesso das mulheres ao sacerdócio e a posições chave contra o clericalismo e fundamentalismo, adaptar a moralidade sexual revelada à ideologia de gênero e apreço pelas práticas homossexuais).
Eu mesmo servi no campo pastoral e teológico no Peru e outros países da região durante quinze anos consecutivos, todo ano por cerca de 2 a 3 meses. Estive principalmente em paróquias e seminários sul-americanos e por isso meu juízo não traz uma mera perspectiva eurocêntrica, tal como alguns desejariam usar isto como argumento para refutar-me.
Todos os católicos estarão de acordo com uma importante intenção do IL, ou seja: que os povos da Amazônia não sigam sendo objeto do colonialismo e neocolonialismo, sujeitos a forças que só pensam no proveito e no poder, às custas da felicidade e da dignidade de outros. Está claro para a Igreja, a sociedade e o Estado que os povos que vivem ali -sobretudo nossos irmãos e irmãs católicos-, são iguais e livres em suas vidas e trabalhos, sua fé e sua moralidade, e isto é nossa responsabilidade comum perante Deus. Mas, como isto pode ser alcançado?
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4. O ponto de partida é a Revelação de Deus em Jesus Cristo
Sem dúvida, a proclamação do Evangelho é um diálogo, que corresponde à Palavra (=Logos) de Deus dirigida a nós e nossa resposta no dom livre da obediência à Fé (Dei Verbum 5). Porque a missão vem de Cristo, o Deus-Homem e porque Ele passou a Missão que o Pai lhe confiou aos Apóstolos, a oposição entre enfoque dogmático «de cima» e enfoque pedagógico-pastoral «de baixo» não têm sentido algum, a não ser que se rechace o «princípio divino-humano no caso do enfoque pastoral» (Franz Xaver Arnold).
Mas o homem é o destinatário do mandato missionário universal de Jesus (Mateus 28, 19), «o mediador universal e único da salvação entre Deus e toda a humanidade» (Jo 14, 6; At 4, 12; 1 Tim 2, 4ss.) e o homem pode refletir, com a ajuda da razão, sobre o sentido da vida entre o nascimento e a morte; sua vida é sacudida pelas crises existenciais da existência humana e ele, tanto na vida como na morte, põe sua esperança, em Deus, que é origem e meta de todo ser.
Assim, uma cosmovisão com seus mitos e a magia ritual da Mãe «Natureza», ou de seus sacrifícios aos «deuses» e espíritos que assustam nosso intelecto, ou que nos tentam com falsas promessas, não podem de forma alguma ser um enfoque adequado para a vinda do Deus Trino em Sua Palavra e em Seu Espírito Santo. Muito menos pode ser um enfoque com um ponto de vista científico-positivista de uma burguesia progressista que aceita o cristianismo como um cômodo vestígio de valores morais e ritos civis-religiosos.
Falando seriamente: acaso na formação dos futuros pastores e teólogos deve-se substituir o conhecimento da filosofia clássica e moderna, dos Padres da Igreja, da teologia moderna e dos concílios pela cosmovisão amazônica e a sabedoria dos antepassados com seus mitos e rituais?
Se a expressão «cosmovisão» significar apenas que todas as coisas criadas são interdependentes, tratar-se-ia apenas de um lugar comum. Devido à substancial união entre o corpo e a alma, o homem está na interseção do espírito com a matéria. Mas a contemplação do cosmos é apenas ocasião para glorificar Deus e seu maravilhoso trabalho na natureza e na história. O cosmos, portanto, não deve ser adorado como Deus; só o Criador deve sê-lo. Não nos ajoelhamos ante o enorme poder da natureza e ante «os reinos do mundo e sua glória» (Mateus 4, 8), mas só perante Deus: «Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto» (Mateus 4, 10). É assim como Deus rechaçou o diabólico sedutor no deserto.
5. A diferença entre a Encarnação do Verbo e a inculturação como via de evangelização
A «teologia indígena e a ecoteologia» (IL 98) são uma derivação do romanticismo social. A teologia é a compreensão (intellectus fidei) da Revelação de Deus em Sua Palavra na Profissão de Fé da Igreja, e não uma nova e contínua mistura de sentimentos do mundo e de pontos de vista do mundo ou de constelações religiosas-morais do sentimento cósmico tudo-em-um, a mistura dos sentimentos do próprio eu com os do mundo (hen kai pan). Nosso mundo natural é a criação de um Deus Pessoal. A fé no sentido cristão é, portanto, o reconhecimento de Deus em Sua Palavra Eterna que se fez Carne: é a iluminação do Espírito Santo para que reconheçamos a Deus em Cristo. Com a fé, nos chegam as virtudes sobrenaturais da esperança e da caridade. É assim como nos compreendemos a nós mesmos filhos de Deus, que, através de Cristo, chama Deus no Espírito Santo, Abba, Pai (Rm 8, 15). Se depositamos toda nossa confiança nele, Ele nos converte em Seus filhos, livres do medo às forças elementares do mundo e às aparições demoníacas de deuses e espíritos, que com malícia nos esperam no caráter imprevisível das forças materiais do mundo.
A Encarnação é um evento único na história que Deus determinou livremente com Seu desejo universal de salvação. Não é uma inculturação, e a inculturação da Igreja não é uma encarnação (IL 7;19;29;108). Não foi Ireneu de Lião, em seu V livro Adversus haereses (IL 113) e sim Gregorio Nazianzeno quem formulou o princípio: «quod non est assumptum non est sanatum – o que não é assumido não é redimido» (Ep. 101, 32). O que se queria com isto é destacar a plenitude completa da natureza humana, contrariando Apollinarius de Laodicea (315-390), quem dizia que o Logos na Encarnação só assumiu uma natureza, e não a alma humana. Por esta razão, a seguinte frase do documento é totalmente abstrusa: «A diversidade cultural exige uma encarnação mais real para assumir diferentes modos de vida e culturas». (IL 113)
A Encarnação não é o princípio de uma adaptação cultural secundária, mas o princípio fundamental da salvação concreta na «Igreja como sacramento de salvação do mundo em Cristo» (Lumen Gentium 1, 48), na profissão de fé da Igreja, em seus sete sacramentos e em seu episcopado com o Papa à cabeça, em sucessão apostólica.
Os ritos secundários das tradições dos povos podem ajudar a enraizar os sacramentos na cultura, que são os meios de salvação instituídos por Cristo. Entretanto, não podem ser independentes porque, por exemplo, costumes matrimoniais podem converter-se em sinais mais importantes que a Palavra-Sim [“Ja-Wort”], constitutiva do Sacramento do matrimônio. Os sinais sacramentais, instituídos por Cristo e os apóstolos (símbolos de palavra e matéria) não podem ser mudados de forma alguma. O batismo só é administrado de maneira válida se feito em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e com água natural. E na Eucaristia não se pode substituir com comida local o pão feito de trigo e o vinho feito com uva. Fazê-lo não seria inculturação, mas uma inadmissível interferência com o desejo de Jesus como fundador [“Stiftungswillen”] e também seria destruir a unidade da Igreja em seu centro sacramental.
Quando a inculturação se refere à celebração externa secundária do culto divino e não aos sacramentos -que são ex opere operato, através da presença viva de Cristo, o fundador e o verdadeiro doador de Graça nestes signos sacramentais-, então a seguinte frase é escandalosa, ou no mínimo, descabida: «Sem esta inculturação, a liturgia pode reduzir-se a uma “peça de museu”, ou a “uma possessão de porcos”». (IL 124)
Deus não está meramente presente em todas partes nem presente de igual maneira em todas as religiões, como se a Encarnação fosse apenas um fenômeno tipicamente mediterrâneo. De fato, Deus como Criador do mundo está presente como um todo e em cada coração humano individualmente (At 17, 27ss), inclusive se os olhos do homem frequentemente estão cegados pelo pecado, e seus ouvidos estão surdos ao Amor de Deus. Ainda assim, Ele chega por meio da Auto-Revelação de si mesmo à história de Seu povo eleito, Israel, e vem até nós em sua Palavra Encarnada e no Espírito que infundiu em nossos corações. Esta auto-comunicação de Deus como Graça e vida de cada homem se difunde no mundo mediante a proclamação da Igreja de sua vida e seu culto, vale dizer, mediante a missão da Igreja no mundo e o mandato universal que recebeu de Cristo.
Entretanto, Ele se antecipa e já trabalha com a ajuda da Graça nos corações desses homens que ainda não o conhecem expressamente nem por Seu nome, por isso, quando ouvirem falar Dele na proclamação apostólica, poderão identificá-lo como o Senhor Jesus, graças ao Espírito Santo (1 Cor 12, 3).
6. O critério de discernimento: a comunicação histórica de Deus no Jesus Cristo
O que falta no IL é um testemunho claro da auto-comunicação de Deus no verbum incarnatum, da sacramentalidade da Igreja, dos Sacramentos como meio objetivo da Graça em lugar de meros símbolos autorreferenciais, do caráter sobrenatural da Graça, por isso a integridade do homem não consiste só na unidade com uma bio-natureza, mas na Filiação Divina e na comunhão plena de graça com a Santíssima Trindade, de modo que a vida eterna é o prêmio pela conversão a Deus, a reconciliação com Ele, e não somente aquela com o meio ambiente e com nosso mundo compartilhado.
Não se pode reduzir o desenvolvimento integral apenas ao fornecimento de recursos materiais. Porque o homem recebe sua nova integridade unicamente mediante a perfeição na Graça; agora no Batismo, pelo qual nos convertemos em novas criaturas e em filhos de Deus, e um dia na Visão Beatífica na comunidade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo e em comunhão com seu santos (1 Jo 1, 3; 3, 1ss).
Em vez de apresentar uma aproximação ambígua a uma vaga religiosidade e à tentativa inútil de transformar o cristianismo em uma ciência de salvação, sacralizando o cosmos, a biodiversidade da natureza e a ecologia, deve-se olhar para o centro e a origem da nossa fé: "Aprouve a Deus na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina" (Dei Verbum 2).
Traduzido e adaptado por ACI Digital, publicado originalmente en alemão por CNA Deutsch (https://de.catholicnewsagency.com)
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