CÓRDOBA, 2 de ago de 2019 às 13:00
Em 17 de julho, José María Bellido, o novo prefeito da cidade de Córdoba (Espanha), anunciou que não reativaria a comissão municipal que questionava a titularidade da Mesquita Catedral. Diante desta notícia, Dom Demetrio Fernández, Bispo de Córdoba, declarou ao Grupo ACI que receberam a decisão da Prefeitura “com alegria”.
"Essas comissões terminam quando passa de uma legislatura para outra, por isso, o novo governo da cidade de Córdoba, o novo prefeito, me disse que não a reativaria", destacou Dom Fernández.
Esta decisão da Prefeitura encerra, pelo menos por enquanto, as reivindicações da titularidade da Mesquita Catedral, embora Dom Fernández tenha dito que se trata de "um tema recorrente". No entanto, enfatizou estar "tranquilo por ter o apoio da Santa Sé e o título de propriedade legítima".
"Está muito claro que o rei Fernando III, o santo, entregou-a ao cabildo e ao bispo, por isso é propriedade inegável durante oito séculos de posse quieta, pacífica e sem que ninguém a reivindique”, indicou.
As origens cristãs da Mesquita Catedral de Córdoba estão em suas fundações, pois esta foi construída sobre a basílica visigótica de São Vicente, no século VI.
"Este tem sido um lugar de culto sagrado desde o início do cristianismo em Córdoba", destacou o Bispo, porque no ano 711, "quando os muçulmanos chegaram, destruíram a igreja e depois começaram a construir a mesquita”.
“Os muçulmanos estiveram desde o século VIII, começaram a construir a mesquita no século IX e foram conquistados de maneira definitiva no século XIII. Onde fica a Mesquita Catedral, sempre foi um lugar dedicado a Deus no culto cristão ou muçulmano”, afirmou o Prelado.
"Quando a cidade foi conquistada, Fernando III, o santo, pediu aos bispos que entrassem na mesquita e a consagrassem como templo cristão, em 29 de junho de 1236, sendo o primeiro bispo López de Fitero”, assegurou Dom Fernández.
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Até 1998, de acordo com o regulamento hipotecário da Espanha, alguns bens eram isentos de registro, como os templos destinados ao culto católico, entre outros. No entanto, naquele ano, o regulamento hipotecário mudou e o registro de templos foi permitido. A Diocese de Córdoba matriculou, ou seja, inscreveu a Santa Igreja Catedral de Córdoba no registro de propriedade em março de 2006, pois a Igreja a possui “pública, pacífica, ininterruptamente e no conceito de dono durante mais de 800 anos”.
A Mesquita Catedral de Córdoba é, desde 1984, um monumento considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Esta distinção é concedida a monumentos ou lugares que representam uma obra-prima do gênio criativo humano, são a manifestação de uma troca considerável de valores humanos, fornecem um testemunho único da tradição cultural e são um exemplo notável que ilustra uma etapa significativa da humanidade.
Posteriormente, em 2014, a Unesco também lhe concedeu a distinção de Bem de Excepcional Valor Universal, pela qual reconhecem que o uso religioso do templo garantiu a preservação do monumento.
Segundo informações publicadas pela administração da Catedral de Córdoba, durante o ano de 2018, cerca de dois milhões de pessoas visitaram este monumento espetacular, 2,31% a mais que no ano anterior. A Mesquita Catedral de Córdoba, a Basílica da Sagrada Família de Barcelona e a Alhambra de Granada são os monumentos mais visitados de toda a Espanha.
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— ACI Digital (@acidigital) June 4, 2019