REDAÇÃO CENTRAL, 8 de ago de 2019 às 06:00
Conta São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu livro ‘O Segredo Admirável do Santíssimo Rosário’, que em uma ocasião, São Domingos de Gusmão estava pregando e levaram a ele um herege albigense possuído por demônios, a quem exorcizou na presença de uma grande multidão.
O santo fez aos malignos várias perguntas e ele, por obrigação, disseram-lhe que eram 15.000 os que estavam no corpo desse homem, porque este tinha atacado os quinze mistérios do Rosário (os mistérios luminosos, que os aumentam para 20, foram introduzidos em 2012 por São João Paulo II).
Durante o exorcismo, os demônios disseram ao santo que com o Rosário que pregava, levava o terror e o espanto a todo o inferno e que ele era o homem que mais odiavam no mundo por causa das almas que lhes tirava com esta devoção.
São Domingos lançou seu Rosário ao pescoço do homem e perguntou-lhes qual dos santos do céu temiam mais e qual devia ser o mais amado e honrado pelos homens. Os inimigos, diante dessas perguntas, deram gritos tão espantosos que muitos dos que estavam ali presentes caíram em terra pelo susto.
Os malignos, para não responder, choravam, lamentavam-se e pediam pela boca do homem a São Domingos que tivesse piedade deles. O santo, sem se alterar, disse que não pararia de atormentá-los até que respondessem o que lhes tinha perguntado. Então, eles falaram que o diriam, mas em segredo, ao ouvido e não diante de todos. O santo, ao contrário, ordenou-lhes que falassem alto, mas os diabos não quiseram dizer nenhuma palavra.
Então, Pe. Domingos, de joelhos, fez a seguinte oração: “Oh excelentíssima Virgem Maria, pela virtude de teu saltério e Rosário, ordena a estes inimigos do gênero humano que respondam a pergunta”.
Em seguida, uma chama ardente saiu das orelhas, nariz e boca do homem possuído. Os demônios rogaram a São Domingos que, pela paixão de Jesus Cristo e pelos mistérios de sua Santa Mãe e de todos os santos, os permitisse sair desse corpo sem dizer nada, porque os anjos o revelariam em qualquer momento que quisesse.
Mais tarde, o santo voltou a se ajoelhar e elevou outra prece: “Oh digníssima Mãe de Sabedoria, sobre cuja saudação, de que forma se deve rezar, este povo já está instruído, peço-vos para a saúde dos fiéis aqui presentes, que obrigueis a esses vossos inimigos a abertamente confessar aqui a verdade completa e honesta”.
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Apenas terminou de pronunciar estas palavras, o santo viu perto dele uma multidão de anjos e a Virgem Maria que golpeava o demônio com uma vareta de ouro, enquanto lhe dizia: “Responda a pergunta de meu servidor Domingos”. Deve-se levar em consideração que o povo não via, nem ouvia a Virgem, somente São Domingos.
Os demônios começaram a gritar: “Oh! inimiga nossa! Oh! ruína e confusão nossa! Por que viestes do céu para atormentar-nos de forma tão cruel? Será preciso que por vós, oh advogada dos pecadores, a quem livrais do inferno; oh caminho seguro do céu, sejamos abrigados – para nosso pesar – a confessar diante de todos o que é causa de nossa humilhação e ruína? Ai de nós! Maldição a nossos príncipes das trevas!”.
“Ouçam, pois, cristãos! Esta Mãe de Deus é onipotente e pode impedir que seus servos caiam no inferno. Ela, como um sol, dissipa as trevas de nossas astutas maquinações. Descobre nossas intrigas, rompe nossas redes e reduz à inutilidade todas nossas tentações. Vemo-nos obrigados a confessar que ninguém que persevere em seu serviço se condena conosco”.
“Um só suspiro que ela apresente à Santíssima Trindade vale mais que todas as orações, votos e desejos de todos os santos. Temos mais medo dela do que de todos os bem-aventurados juntos e nada podemos contra seus fiéis seguidores”.
Do mesmo modo, os malignos confessaram que muitos cristãos que a invocam ao morrer e que deveria ser condenados, segundo as leis ordinárias, se salvam graças à sua intercessão: “Ah, se esta Mariazinha – assim a chamaram em sua fúria – não houvesse oposto aos nossos desígnios e esforços, há tempos teríamos derrubado e destruído a Igreja, e levado ao erro e à infidelidade toda sua hierarquia!”.
Em seguida, acrescentaram que “ninguém que persevere na reza do Rosário se condenará. Por que ela obtém para seus fiéis devotos a verdadeira contrição dos pecados, para que os confessem e alcancem o seu perdão”.
Foi então que São Domingos fez todo o povo rezar o Rosário muito lenta e devotamente e, a cada Ave Maria que rezavam, saíam do corpo do homem possuído uma grande multidão de demônios em forma de carvões incendiados.
Quando todos os inimigos saíram e o herege ficou livre, a Virgem Maria, de maneira invisível, deu sua bênção a todo o povo, que experimentou grande alegria. “Este milagre foi causa da conversão de grande número de hereges, que, aliás, se inscreveram na Confraria do Santo Rosário”, concluiu São Luís Maria Grignion de Montfort.