Uma agência católica de solidariedade implantou vários projetos na América Central que ajudam vítimas de violência a terem condições de vida digna e não migrarem.

Catholic Relief Services (CRS), agência solidária da Igreja nos Estados Unidos, realiza projetos em vários países da América Central para ajudar jovens e agricultores com as diversas problemáticas da pobreza, seca e insegurança que esses países vivem.

Em diálogo com o Grupo ACI, Rick Jones, assessor regional de Política Pública para América Latina da CRS, disse que, “neste momento, existe uma área de Jovens e emprego, que estamos desenvolvendo em todos os países da América Central, especialmente no triângulo norte”, que compreende os países da Guatemala, Honduras e El Salvador.

“Há outro projeto que tem a ver com agricultura e práticas para combater a seca e a mudança climática. Há outro que é o trabalho nas zonas de café para compensar a perda de empregos e melhorar a gestão da água, e outro que é a reativação de cadeias de café e cacau dentro da América Central”.

Jones ressaltou que a migração, especialmente para os países do norte, envolve “um conjunto de fatores. Mas o que mais pesa em El Salvador no momento é a questão da violência”.

“Há evidências concretas de que existe uma relação causal entre a violência que as pessoas experimentam e a necessidade de fugir do país. El Salvador continua entre os cinco países mais violentos do mundo, com uma taxa de homicídios de mais de 50 por cada 100 mil habitantes”, lamentou.

 

Um segundo fator, disse, é "o tema da seca e da mudança climática", porque "tanto em Honduras, como em El Salvador e Guatemala, nos últimos cinco anos tivemos quatro anos de seca no chamado ‘corredor seco’”.

“E o que sabemos sobre a seca é que no primeiro ano as pessoas comem menos. No segundo ano, as pessoas começam a vender a mesa, o sofá, vendem as coisas da casa. E no terceiro ano começam a vender a terra e sair. Isso é muito grave e outro fator pouco reconhecido”.

Um terceiro fator que leva os centro-americanos a deixarem seus países, assinalou, é "a falta de oportunidades combinada com a sensação de que não há muita esperança".

"E, em último lugar, há sempre uma parte das pessoas que estão procurando reunificação familiar".

Jones ressaltou que, no trabalho que fazem com os jovens, “temos um programa que gera uma mudança de vida e uma opção de vida para os jovens, no sentido de prepará-los para o trabalho e com um plano de vida no qual se inserem profissionalmente neste contexto".

“Trabalhamos com mais de 30 mil jovens nos últimos anos e conseguimos colocar 80% em um emprego ou um retorno à escola ou começando a sua própria empresa. Isso gera a opção real, uma rede de apoio positiva entre outros jovens. Isso é muito importante para que os jovens sintam que têm algo que lhes dá esperança”.

Para aqueles que sofrem perseguição e violência, disse, a CRS trabalha com a Igreja em cada localidade, para que as “pessoas que estão ameaçadas e precisam fugir de casa possam ir para outra parte do país e as paróquias os acolhem, dando-lhes onde morar e ajudando-lhes a refazer a vida. O mesmo em El Salvador. Existe todo um programa de deslocamento interno para pessoas que estão sendo ameaçadas”.

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Nas zonas rurais, disse, através do programa Agricultura, Solos e Água, ajudam mais de dois milhões de pessoas que vivem no chamado corredor seco, entre o sul do México e a América Central, “onde não recebem a mesma quantidade de chuva que em outras áreas, onde os solos estão muito degradados, mas onde metade do milho e feijão que as pessoas consomem são produzidos”.

“Nós temos trabalhado em um programa para desenvolver práticas para agricultores com menos recursos, para que possam continuar produzindo e permanecendo no campo. Temos trabalhado com mais de 3 mil produtores do sul do México, Oaxaca, até Nicarágua, nos últimos quatro anos”.

Aqueles camponeses que colocaram em prática as recomendações da CRS no ano passado perderam apenas cerca de 10% de sua safra, enquanto aqueles que não o fizeram perderam cerca de 80%.

"Essas práticas estão permitindo que as pessoas permaneçam na terra, apesar das condições", disse.

Jones assinalou que a CRS recebe principalmente doações de valores entre 20 e 50 dólares de pessoas de boa vontade, o que, somado ao apoio dos fundos do governo dos EUA, é "essencial para responder de maneira contundente".

“A ajuda externa dos Estados Unidos realmente ajuda para fazer a diferença e criar oportunidades”, assegurou.

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“O programa de emprego para jovens é apoiado pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, com um programa de 10 milhões de dólares. Está apoiando os jovens para que não tenham que ir embora. Essa ajuda realmente funciona”, reiterou.

Além disso, destacou que o governo dos Estados Unidos tem sido pioneiro “em investir em programas que reduzirão a taxa de homicídios e a violência armada na América Central. Isso realmente se nota. Ajudou a reduzir em mais de 50% a taxa de homicídios em El Salvador”.

"O apoio tanto do governo dos Estados Unidos como de pessoas de boa vontade que doam para a CRS ajudam a neutralizar os fatores que empurram as pessoas e não as deixam com outra opção a não ser ir embora”, indicou.

Par colaborar com os projetos de CRS na América Centra, pode acessar AQUI.

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