HONG KONG, 3 de set de 2019 às 17:00
Mais de 40 igrejas de diferentes denominações cristãs tocaram os sinos no domingo, 1º de setembro, pedindo o fim da violência em Hong Kong, uma importante cidade chinesa que nos últimos meses tem sido palco de protestos, alguns violentos, por causa de uma lei polêmica de extradição para a China.
No total, 44 igrejas tocaram seus sinos a partir das 13h, das quais 21 eram católicas, 16 anglicanas, 5 metodistas, e de outras confissões.
Segundo informa ‘UCAnews’, a campanha foi lançada por Theresa Lee, uma católica local, que disse estar "profundamente preocupada" com a situação atual.
Joseph Chan, católico da paróquia de St. John the Baptist, disse à ‘UCAnews’ que ofereceu suas orações pelo fim da violência através do diálogo construtivo. Em sua igreja, não usaram um sino, mas um instrumento que produz um som parecido, e depois, 300 fiéis cantaram “Sing Hallelujah to the Lord” (Canta Aleluia ao Senhor).
Em sua opinião, a campanha mostra que "embora haja muitas opiniões na sociedade, acho que a Igreja deve proclamar a mensagem de paz com os ensinamentos de Jesus".
Por outro lado, Joe Chan, da Holy Cross Church, comentou que participar da campanha o ajudou a "se sentir envolvido" com o que acontece através da oração. “Muitos fiéis estão tensos, desesperançados e até chateados. Sempre perguntam quando isso vai acabar e o que pode ser feito”.
O Cardeal John Tong, Administrador Apostólico de Hong Kong, e outros líderes religiosos pediram às autoridades que estabeleçam um "período de trégua" de dois meses.
Da mesma forma, o Colóquio dos seis líderes religiosos de Hong Kong, que inclui a Igreja Católica, protestantes, budistas, taoístas, muçulmanos e confucionistas, indicou, em 30 de agosto, que esse momento de trégua deveria ser usado pelo governo e pelos manifestantes para meditar e colaborar com o bem comum.
Por que há protestos em Hong Kong?
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Os protestos em Hong Kong começaram há cerca de três meses, como resposta a um projeto de lei sobre a extradição para a China. Esse projeto de lei acabaria com a autonomia de Hong Kong, que possui seu próprio sistema jurídico, em relação à China continental, onde a lei é mais repressiva.
Entre as manifestações mais numerosas estão as de 18 de agosto, com 1,7 milhão de pessoas; e a de 6 de junho, que reuniu cerca de dois milhões de pessoas. Nem todas as manifestações até agora foram pacíficas; em várias ocasiões, a polícia e os manifestantes recorreram à violência.
Em alguns casos, a polícia recorreu a uma repressão brutal que é denunciada por diferentes representantes dos manifestantes.
As tensões parecem ter aumentado depois desta segunda-feira, início do ano letivo, quando oito universidades públicas e cinco outras instituições de ensino superior iniciaram uma greve de duas semanas, exigindo que as autoridades respondam às suas exigências.
Segundo informam diversos meios, estima-se que, até agora, as autoridades tenham prendido mais de 1.100 pessoas por causa dos protestos.
As exigências dos estudantes, que são as mesmas dos manifestantes, são a retirada da lei de extradição e do termo "revolta" para se referir às manifestações, a anistia para todos os presos, que seja realizada uma investigação independente sobre o excesso de força policial na hora de dispersar os protestos e a introdução do direito ao voto para todos.
Confira também:
Qual é o papel dos católicos nos protestos de Hong Kong? https://t.co/jUD5Mm2lLd
— ACI Digital (@acidigital) August 26, 2019