Nos próximos dias, em Roma, começará o Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, convocado pelo Papa Francisco para "identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus", mas cujo Instrumentum laboris, publicado em 17 de junho, recebeu críticas.

A seguir, alguns fatos sobre o próximo Sínodo da Amazônia.

1. Quando começa o Sínodo da Amazônia?

O Sínodo começará no domingo, 6 de outubro, e terminará no dia 27 de outubro. Seu tema é "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral".

2. O Papa Francisco explicou o propósito do Sínodo

No dia 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco anunciou o Sínodo e explicou que seu principal objetivo "é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta”.

O Papa disse que convocou o Sínodo atendendo o desejo de algumas Conferências Episcopais na América Latina, assim como as vozes de vários pastores e fiéis de outras partes do mundo.

3. Quem participa do Sínodo da Amazônia?

Participarão do Sínodo Bispos dos nove países cujos territórios abrangem partes da Amazônia: 4 de Antilhas, 12 da Bolívia, 58 do Brasil, 15 da Colômbia, 7 do Equador, 11 do Peru e 7 da Venezuela.

Também participarão 13 chefes de Dicastérios da Cúria Romana, 33 membros nomeados diretamente pelo Papa, 15 eleitos pela União dos Superiores Gerais, 19 membros do Conselho Pré-sinodal, 25 especialistas, 55 auditores e auditoras, 6 delegados fraternos e 12 convidados especiais.

A lista completa encontra-se AQUI.

4. O documento de trabalho contém 21 capítulos

O Instrumentum laboris, aprovado pelo Conselho Pré-sinodal, foi publicado pelo Vaticano em 17 de junho.

O documento possui 147 pontos divididos em 21 capítulos, separados por três partes que abordam os seguintes assuntos: “A voz da Amazônia”, entendida como escuta deste território; a "Ecologia integral: o clamor da terra e dos pobres" e a Igreja "com rosto amazônico e missionário".

Segundo os responsáveis ​​pelo documento, seu objetivo é apresentar a situação pastoral da Amazônia e novos caminhos para uma evangelização mais incisiva. Além disso, está redigido como uma reflexão sobre o problema ecológico que interessa a essa região, segundo a encíclica Laudato Si'.

5. Instrumentum laboris recomenda ordenar homens casados

O Instrumentum laboris confirma que "o celibato é uma dádiva para a Igreja". No entanto, também recomenda, entre outras coisas, a possibilidade de ordenar sacerdotes a idosos casados, chamados "viri probati" em áreas remotas.

No ponto 129, explica que, nas áreas mais remotas da região, perguntam sobre “a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã”.

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O direito canônico para a Igreja Católica Latina proíbe a ordenação de homens casados ​​para o sacerdócio, com exceções limitadas com respeito à ordenação de líderes anglicanos e protestantes que se converteram ao catolicismo.

Além disso, apesar das vozes a favor do que é proposto no ponto 129, o Papa Francisco disse em uma entrevista ao jornal italiano ‘La Stampa’ que a possibilidade de ordenar padres casados ​​não é uma questão importante do Sínodo. “Absolutamente não: É simplesmente um número do Instrumentum Laboris. O importante serão os ministros da evangelização e as diferentes formas de evangelizar”, disse.

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6. Houve controvérsia sobre a possibilidade de aprovação do diaconato feminino

O Documento de Trabalho recomenda que o Sínodo identifique um "ministério oficial que pode ser conferido à mulher, tendo em consideração o papel central que hoje ela desempenha na Igreja amazônica".

Dom Fabio Fabene, Subsecretário do Sínodo dos Bispos, destacou a chamada do documento a novos ministérios leigos.

"Nesse sentido, podemos nos perguntar sobre qual o ministério oficial que pode ser concedido às mulheres", disse Dom Fabene em uma entrevista coletiva no Vaticano em 17 de junho. Depois, esclareceu que “o documento não fala do diaconato feminino, já que o Papa já se expressou sobre o assunto na Assembleia dos Superiores Gerais, declarando que o assunto precisa de mais estudos".

"De fato, a comissão de estudos estabelecida em 2016 não chegou a uma opinião unânime sobre o tema", afirmou.

No entanto, em 2 de maio, Dom Franz-Josef Overbeck, Bispo de Essen e presidente da Comissão para a América Latina do episcopado alemão, comentou que "nada será como antes" após o Sínodo da Amazônia, pois o papel das mulheres na Igreja, a moral sexual, o papel do sacerdócio e toda a estrutura hierárquica eclesiástica serão reconsiderados. O Prelado também apoiou publicamente a "greve das mulheres" contra a Igreja na Alemanha, convocada por um grupo de católicas após o ‘não’ do Papa Francisco à ordenação de diaconisas.

7. Instrumentum laboris recebeu objeções de renomados cardeais

Em junho de 2019, o Cardeal alemão Walter Brandmüller, de 90 anos, expressou suas objeções ao documento de trabalho em um artigo intitulado "Uma crítica ao Instrumentum laboris para o Sínodo da Amazônia". Indicou que o documento é "herético", representa uma "apostasia" e, portanto, "deve ser rejeitado com máxima firmeza".

“Deve ser dito enfaticamente que o Instrumentum laboris contradiz o ensinamento vinculante da Igreja em pontos decisivos e, portanto, deve ser qualificado como um documento herético. Visto que o fato da revelação divina é aqui questionado, ou mal entendido, deve-se também falar em apostasia", disse.

Segundo o Purpurado, três quartos do Instrumentum laboris têm afirmações que apenas marginalmente se relacionam com “o Evangelho e a Igreja”.

Em julho, o Cardeal alemão Gerhard Müller também apresentou suas objeções ao Instrumentum laboris.

Em uma análise oferecida a CNA Deutsch – agência em alemão Grupo ACI – e a outros meios de comunicação, o ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé adverte sobre uma ambivalência na definição de termos e objetivos do documento. Em segundo lugar, assegura que "a estrutura do texto apresenta um giro radical na hermenêutica da teologia católica".

O Cardeal venezuelano Jorge Urosa também abordou em três artigos os prós e contras do Instrumentum laboris; assim como o bispo emérito de Marajó (Brasil), Dom José Luis Azcona, que trabalhou na diocese da Amazônia entre 1987 e 2016, e que em vários artigos alertou sobre as deficiências do Documento de Trabalho do Sínodo da Amazônia.

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