Vaticano, 5 de out de 2019 às 08:00
Um sacerdote jesuíta de Burkina Faso fez história como o primeiro africano a ganhar o prestigioso Prêmio Ratzinger, que homenageia o trabalho e a contribuição acadêmica de teólogos e de outros intelectuais católicos.
“Estou muito surpreso por ter recebido esse prêmio e estou muito agradecido com o comitê científico por essa honra de estar na vanguarda da África por esse prêmio. Acho que isso é um estímulo para todo o trabalho teológico realizado na África”, disse Pe. Paul Béré a Vatican News, logo após o anúncio.
A teologia católica africana está "atenta ao que a comunidade cristã está vivendo em nosso território", acrescentou o sacerdote.
O presidente da Fundação Joseph Ratzinger-Bento XVI, Pe. Federico Lombardi, junto com o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, anunciaram os vencedores do Prêmio Ratzinger 2019 no início desta semana, que receberão o prêmio de mãos do Papa Francisco no dia 9 de novembro, no Vaticano.
Os vencedores são escolhidos pelo Papa Francisco com base nas recomendações de um comitê composto por cinco cardeais membros da Cúria Romana.
O Prêmio Ratzinger começou em 2011 para reconhecer acadêmicos cujo trabalho demonstra uma contribuição significativa à teologia no espírito do Cardeal Joseph Ratzinger, o teólogo bávaro que se tornou Bento XVI.
Pe. Beré, professor no Pontifício Instituto Bíblico, explicou que recebeu o prêmio por causa de seu trabalho sobre a figura do profeta Josué. "Como estudioso bíblico africano, trabalhei na figura de Josué", disse.
O sacerdote explicou que o profeta Josué, que se formou através de sua relação com seu predecessor Moisés, é uma fonte de inspiração para a Igreja na África, especialmente em relação à transmissão de valores de uma geração à outra.
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"Essa também é uma inspiração que pode ajudar a Igreja na África a trabalhar para transmitir de uma geração para outra a missão que recebemos do Senhor nas esferas eclesiais e políticas", disse.
Pe. Beré é membro da Comissão Internacional Anglicana Católica-Romana (ARCIC) e falou no mês passado sobre a necessidade de uma "africanidade" dentro do enfoque católico para abordar os problemas regionais.
"A África pode encontrar uma solução para todos os seus problemas, o que nós (africanos) simplesmente precisamos é do mais mínimo desejo de compartilhar as soluções em todo o continente", disse Pe. Beré à ACI África – agência africana do Grupo ACI – em uma conferência realizada em Nairóbi para falar sobre o estado da missão de evangelização neste continente.
Pe. Beré receberá o Prêmio Ratzinger no dia 9 de novembro, no Palácio Apostólico do Vaticano. O filósofo Charles Taylor, um intelectual católico canadense, também receberá o Prêmio Ratzinger no mesmo dia.
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