SAN JOSÉ, 9 de out de 2019 às 15:30
O Bispo de Ciudad Quesada (Costa Rica), Dom José Manuel Garita, disse que o embrião humano "não é uma coisa", mas uma pessoa em formação dentro do útero e, portanto, advertiu que não reconhecer seu direito à vida “é uma terrível arbitrariedade”.
Em sua última coluna Fermento, o Prelado lembrou aos fiéis que “o Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus” e que, “acolhido com amor todos os dias pela Igreja, é anunciado com intrépida fidelidade como boa nova aos homens de todas as épocas e culturas”.
Nesse sentido, "como afirmava São João Paulo II, diante da centralidade da missão da Igreja na defesa da vida", é necessário "que sejamos formados para dar razão de nossa fé".
Em sua coluna, o Bispo explicou aos costarriquenhos que, “em relação ao começo da vida humana, a concepção é considerada como o começo da mesma, o começo de um novo ser. Pela concepção, aquele que não era já é. A vida individual de uma nova criatura humana surge dos elementos que a constituem”.
“O óvulo e o espermatozoide contribuem para a preparação dessa nova vida, sem nenhum momento intermediário; por isso, falar de ‘óvulo fecundado’ pode dar a impressão de que a concepção se trata apenas de uma mudança no estado do óvulo, de não fecundado para fecundado, quando, na realidade, com o zigoto, começa a existência de um novo ser humano irrepetível".
Nesse sentido, assinalou que "hoje sabemos que o zigoto e o embrião se desenvolvem não apenas em direção ao indivíduo humano, mas que se desenvolvem desde o seu início como indivíduo humano".
“O que não é humano não poderia chegar a sê-lo. O embrião humano é um único e mesmo ser humano, idêntico a si mesmo que leva potencialmente todas as predisposições de seu posterior desenvolvimento, que é um processo contínuo e que, enquanto pessoa como nós, de acordo com as leis da igualdade e da reciprocidade, devemos o mesmo respeito que pretendemos para nós. Aqui não cabem seres humanos de segunda categoria, aqui todos e cada um de nós, únicos e irrepetíveis, a imagem e semelhança de Deus, fomos dotados de dignidade enquanto seres humanos que somos”, expressou.
Portanto, afirmou, “o embrião humano não é uma coisa, mas é alguém que, pouco a pouco, será capaz de dizer ‘eu’ unindo sua própria existência com seus inícios no ventre materno. A identidade de cada ser humano, do aspecto genético ao psicológico, é uma realidade que em cada um de nós sabemos iniciada na concepção”.
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“Assim, em nosso discurso ordinário, consideramos o início de nossa existência na concepção de cada um, porque, antes desta, não existíamos. Quando fomos concebidos, não estávamos presentes, mas, uma vez concebidos, nos tornamos presentes. Ninguém nega sua própria identidade com a do embrião que um dia estava no útero”, disse.
Dom Garita disse que “todo o processo de desenvolvimento embrionário deve ser entendido não apenas como um processo biológico puro, mas como um processo biológico-humano. Desde a concepção, a existência humana é um processo contínuo subdividido em várias fases que formam uma única e mesma pessoa, idêntica a si mesma”.
“A qualquer momento de sua vida, antes ou depois de seu nascimento, o ser humano tem diante de si todas as possibilidades de seu próprio futuro. Não reconhecer esse direito ao embrião não passa de uma terrível arbitrariedade”, alertou.
Por isso, “também não se compreende por que o direito à individualidade e à personalidade deve ser reconhecido somente após o nascimento, se antes já é o mesmo indivíduo, a mesma pessoa. O feto não é uma pessoa em potencial, mas já é um ser com inúmeras potencialidades, embora ainda não estejam totalmente desenvolvidas nem atualizadas. Portanto, a realidade do feto não se trata de um desenvolvimento em direção ao ser homem, mas do desenvolvimento de um ser humano”.
O Bispo da Costa Rica disse aos fiéis que “todo o caminho que segue é humano. Diante da realidade complexa e profunda da vida, como cristãos, nossa missão é defendê-la, é estar sempre a favor do que o próprio Deus criou e espera que cuidemos desde sempre”.
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