SAN SALVADOR, 16 de out de 2019 às 16:00
Os acusadores que inicialmente se declararam vítimas de abuso sexual de Antonio Molina, expulso do estado clerical pelo Vaticano, recentemente se retrataram perante os tribunais de El Salvador.
Em 8 de outubro, Isaí Ernesto Mendoza, de 36 anos, e um dos denunciantes de Molina, admitiram em um tribunal salvadorenho que "tudo o que disse é falso".
"Quero pedir uma desculpa pública pelas declarações que fiz falsamente diante do arcebispado", expressou.
Mendoza havia acusado Molina diante da Arquidiocese de San Salvador por supostamente realizar orgias e tê-lo estuprado quando era adolescente. Segundo Mendoza, neste tempo ajudava como acólito.
Durante o processo, ocorreram várias contradições, como a dúvida de que realmente tenha morado alguma vez no município salvadorenho de Panchimalco, onde supostamente teriam ocorrido os abusos.
No entanto, a Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano acabou o expulsando do estado clerical. A resolução foi comunicada a Antonio Molina pelo Arcebispo de San Salvador, Dom José Luis Escobar Alas, que explicou que a sanção era “inapelável”.
Depois, duas gêmeas denunciaram Molina por toques indevidos, mas também se retrataram diante da justiça.
Em declarações ao jornal salvadorenho ‘La Prensa Gráfica’, em 8 de outubro, Molina disse que após as retratações ele se sente “como desde o início, inocente. Feliz também, não posso mentir que me sinto satisfeito”.
“Dou graças a Deus porque toda esta história terminou. Ainda não sei o que está por vir, mas enfrentarei com maior paciência e serenidade. O que acho que vale a pena é que saiba que não tenho ódio, nem rancor nem desejo de vingança a ninguém”, disse.
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Em diálogo com o canal de televisão TN 21 sobre a possibilidade de retomar o sacerdócio, Molina disse que “não posso exigir nada. O Santo Padre, o Papa, acho que, se for devidamente informado por Dom José Luis Escobar Alas ou também pelo senhor Cardeal, que é meu grande amigo, Gregorio Rosa Chávez, o que o Papa decidir, vamos obedecer, sem nenhuma pretensão, o que a Igreja quer de mim”.
Em um vídeo publicado pela Arquidiocese de San Salvador, Dom Escobar Alas explicou que, neste caso, existem "duas legislações diferentes e independentes: a legislação canônica da Igreja e a legislação civil, criminal e estadual".
“Nós, como diocese, o que fazemos é apenas escutar as vítimas, recolher sua denúncia e transferi-la para a Santa Sé. E também escutar, é claro, o sacerdote que vem denunciado. E, além disso, recolher as declarações das testemunhas, se houver”.
"Mas o processo propriamente dito é realizado pelo Vaticano", acrescentou.
O Arcebispo de San Salvador disse que não sabe "que efeito as recentes retratações podem ter diante do Tribunal da Santa Sé" e acrescentou que a decisão "não está em nossas mãos".
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— ACI Digital (@acidigital) September 18, 2019