Embora ainda não se saiba exatamente qual será o impacto que o prolongado conflito civil no Sudão do Sul terá na Igreja, a Diocese de Malakal, uma das áreas mais afetadas no país mais jovem do mundo, está tentando retomar o serviço ao povo de Deus através da restauração da Rádio Sout al Mahaba, uma estação que foi danificada e saqueada, e que precisa de 50 mil dólares para retomar as transmissões.

"Considero que 50 mil dólares serão suficientes, o que nos ajudará a reconstruir e renovar a estação de rádio e ter alguma coisa, pensando nos salários dos funcionários por pelo menos alguns meses", disse a missionária comboniana Elena Balatti a ACI África – agência do Grupo ACI – em referência à Sout al Mahaba Radio, uma das nove estações que constituem a Rede Católica de Radio (CRN, na sigla em inglês).

“Chegaram uns poucos doadores, algumas contribuições privadas”, disse a irmã Balatti, nascida na Itália, que coordena as iniciativas de captação de recursos para que a rádio seja transmitida novamente, junto com a supervisão do Escritório de Justiça e Paz dos Missionários Combonianos no Sudão do Sul.

A rádio foi fundada em 2009 e, segundo a religiosa, “existem outras promessas de algumas instituições de caridade católicas. E também, há uma promessa de apoio em termos de equipamento de uma das agências de notícias que operam no Sudão do Sul, Inter News”.

Estabelecida como a rádio diocesana e comunitária da diocese de Malakal, Sout al Mahaba ganhou ao longo dos anos "certa popularidade e os acontecimentos foram bastante favoráveis", até começar a luta civil no Sudão do Sul.

"Infelizmente, a guerra civil no Sudão do Sul, iniciada em 2013, não perdoou (Sout al Mahaba) em Malakal, onde quase tudo foi destruído", lembrou a religiosa, referindo-se aos eventos de fevereiro de 2014, quando a rádio católica que dirigia "foi saqueada e destruída”.

A religiosa italiana, que serviu no Sudão e no Sudão do Sul por várias décadas, lembrou os esforços realizados para que a rádio fosse novamente transmitida em 2015. No entanto, disse à ACI África, a retomada da transmissão durou “apenas por alguns meses”, porque “uma nova onda de combates interrompeu as operações, colocando em risco a vida dos funcionários”.

Desde abril de 2015, a audiência principal, estimada em 400 mil ouvintes dentro dos 60 km de cobertura da rádio, viu-se privada dos serviços prestados por Sout al Mahaba.

No calor do conflito civil, todos os ouvintes em potencial se dispersaram. Em 2017, a irmã Balatti lembrou que a população pediu "que a rádio da Igreja volte ao ar". Dois anos depois, os esforços ainda estão em andamento.

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No entanto, a religiosa indicou que "restaurar a estação de rádio significa, em termos financeiros, gastar praticamente a mesma quantidade que foi usada" para construí-la entre 2008 e 2009.

Além disso, reformar o edifício original da rádio significaria expô-lo a outro possível vandalismo, de modo que a administração diocesana decidiu mudar a estação para as instalações da catedral.

O novo bispo de Malakal, Dom Stephen Nyodho, apoia o projeto. “Desta vez, há uma paz relativa desde que o Acordo de Paz foi assinado há um ano. Parece haver uma volta à normalidade, inclusive para as pessoas em casa, e é por isso que estamos tentando transferir a rádio para a catedral, que fica na cidade e é mais segura”, indicou o Prelado.

Dom Nyodho confirmou seu compromisso de fazer com que o projeto dos meios diocesanos volte ao ar, destacando o significado da rádio.

“Agora estamos trabalhando duro para restaurá-la, porque é a voz do amor e a voz das pessoas. Se a igreja tem uma voz para dizer, para defender o povo de Deus, é através dessa rádio, através desse meio de comunicação. Ajudou milhares de pessoas na diocese e estamos tentando fazer isso de novo”, afirmou.

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