Islamabad, 30 de out de 2019 às 15:00
Amir Masih, um varredor de rua cristão, encontrou páginas da Bíblia e do Corão em uma bolsa. Levou as folhas para uma loja para evitar que terminassem no lixo, mas o dono da loja o acusou de blasfêmia, o que poderia ter feito com que acabasse sendo condenado à morte, se não fosse pelo trabalho dos policiais que conseguiram provar sua inocência.
Em 26 de outubro, Amir Masih, um varredor de rua cristão, morador de Yousafadab, encontrou uma bolsa contendo páginas da Bíblia e do Corão. Seu trabalho consiste em recolher o lixo e selecioná-los para reciclagem, para vender às empresas interessadas.
Ao recolher os resíduos, encontrou páginas dos textos sagrados. Para ter certeza de que eram do Islã, foi a uma loja muçulmana para que pudessem examiná-las. Mas ao vê-lo, o comerciante começou a gritar acusando Amir de ser um “coletor de resíduos sujo”. Seus gritos atraíram a atenção de outros muçulmanos que arrastaram o cristão até a mesquita.
O imã avisou pelo alto-falante que tinham prendido um cristão blasfemo, convidando outros imãs de mesquitas vizinhas a castigarem o culpado e queimarem as casas dos cristãos. A maioria dos cristãos fiéis deixou suas casas por medo. A comunidade solicitou a intervenção da polícia que prendeu o varredor e advertiu que ele teria sido condenado se fosse considerado culpado.
Segundo informa ‘Asia News’, Amir explicou que não se lembrava do local exato em que encontrou a bolsa, porque todos os dias recolhe o lixo de centenas de casas. Reconstruindo os fatos, explicou que não esperava ser acusado pelo comerciante, pois levou os textos sagrados para ele justamente para evitar que terminassem na lixeira.
Depois de uma investigação e dos interrogatórios de rigor, os agentes perceberam que o cristão não conhecia as implicações de ter encontrado as páginas da Bíblia e do Corão e que isso poderia lhe custar uma acusação contra a lei da blasfêmia.
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Posteriormente, a polícia convenceu seus acusadores, os líderes islâmicos e o imã da mesquita a retirarem a denúncia de blasfêmia que no Paquistão pode chegar à pena de morte. Os líderes muçulmanos prometeram que se comprometeriam a encontrar o verdadeiro culpado.
Naveed Walter, presidente do Human Right Focus Pakistan (HRFP), declarou a ‘Asia News’ que aprecia o trabalho da polícia de Punjab que levou a situação a sério e a resolveu pacificamente depois de ter desenvolvido uma investigação justa. "Se todos os casos de blasfêmia fossem investigados dessa maneira tão correta, certamente as vítimas seriam absolvidas e a paz prevaleceria pouco a pouco no país", afirmou.
Do mesmo modo, disse que a prática de culpar os cristãos com acusações de blasfêmias não é nova. “É um hábito que afeta cristãos inocentes. Se um muçulmano estivesse relacionado, não haveria toda essa confusão. As leis sobre a blasfêmia têm sido usadas como espadas contra as minorias”, declarou.
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— ACI Digital (@acidigital) October 7, 2019