PEQUIM, 4 de nov de 2019 às 11:00
Há alguns dias, um grupo de sacerdotes e paroquianos se entrincheirou em uma igreja católica na província chinesa de Hebei para tentar impedir que o governo a derrubasse, segundo relatos.
O protesto começou às 6h de quinta-feira, 31 de outubro, na igreja de Wu Gao Zhang, parte do distrito de Guantao em Hebei, na costa norte da China. As autoridades ordenaram que a igreja fosse destruída, mesmo sendo totalmente reconhecida e aprovada pelo governo. Segundo AsiaNews, as autoridades locais indicaram que o edifício não possui licenças adequadas.
Em setembro de 2017, a China promulgou novos regulamentos estritos para a religião. Desde então, as autoridades têm estado vigilantes para que os requisitos para as licenças sejam cumpridos. Igrejas que não cumprem são destruídas.
Segundo AsiaNews, muitos católicos chineses dizem que o acordo entre a Santa Sé e a China em setembro de 2018 incentivou o governo a tomar medidas punitivas contra católicos que não pertencem a igrejas aprovadas pelo estado.
Segundo relatos, funcionários públicos afirmam que "o Vaticano nos apoia" e ordenaram a destruição de outras 40 igrejas.
Durante décadas, a Igreja na China ficou dividida entre a Associação Católica Patriótica Chinesa, uma igreja estatal sob o controle do Partido Comunista Chinês e a Igreja clandestina que estava em plena comunhão com a Santa Sé. O acordo de 2018, cujos detalhes não foram publicados, pretendia unificar as duas comunidades eclesiásticas, embora vários relatos da China indiquem que sacerdotes e leigos que se recusam a adorar nas igrejas administradas pelo governo enfrentam uma maior perseguição.
Nas províncias de Jiangxi e Fujian, no leste da China, os sacerdotes que se negaram a assinar acordos que os vinculavam aos regulamentos do governo foram expulsos de suas casas e tiveram suas igrejas fechadas. O governo chinês proibiu que os sacerdotes que não estejam de acordo viajem e muitos foram obrigados a se esconder.
Em julho e agosto, pelo menos cinco igrejas católicas na diocese de Yujiang foram fechadas à força pelo governo, devido à sua recusa em ingressar na Associação Católica Patriótica Chinesa. Em meados de agosto, oficiais do governo ameaçaram prender um sacerdote clandestino e revogar subsídios básicos do governo a todos os católicos da cidade de Yingtan depois que sua paróquia se recusou a se juntar à Igreja patrocinada pelo estado.
"O governo coloca espiões nas igrejas da Associação Católica Patriótica Chinesa para controlar especialmente o que os sacerdotes dizem em seus sermões e nas atividades que realizam", informou recentemente um sacerdote de Yujiang à revista Bitter Winter.
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O governo chinês monitora a atividade diária dos sacerdotes da Associação Católica Patriótica Chinesa, incluindo suas viagens.
"Basicamente, o estado sabe tudo sobre os sacerdotes", acrescentou.
A perseguição chinesa às minorias religiosas tem sido o foco de um escrutínio internacional sustentado. Estima-se que o país prendeu milhões de muçulmanos uigures, e os principais grupos de direitos humanos informaram às Nações Unidas que dissidentes políticos e minorias religiosas encarceradas foram sujeitas à remoção de órgãos para uso no comércio de órgãos do país.
Em setembro, surgiram relatos de que as igrejas pertencentes à denominação protestante "Movimento Patriótico dos Três Seres" da China foram obrigadas a substituir as exibições dos Dez Mandamentos pelas declarações do presidente chinês Xi Jinping.
Segundo relatos, a ordem veio depois que as igrejas dos Três Seres foram instruídas inicialmente a eliminar o Primeiro Mandamento: "Não terás deuses diante de mim", uma vez que Jinping não estava de acordo com ele.
Os relatórios indicam que aqueles que se recusaram a eliminar um ou todos os mandamentos foram presos. Existem líderes assediados até nas igrejas que seguiram as instruções.
Confira também:
Governo da China exige que igrejas retirem referências aos Dez Mandamentos https://t.co/HwOgD0dCzu
— ACI Digital (@acidigital) September 25, 2019